Hegemonia da área irrigada
O sistema de cultivo de arroz irrigado é hegemônico no Brasil e avança a cada safra frente às áreas de produção de arroz de terras altas e sequeiro. Além de mais produtivo, de alcançar o padrão “agulhinha” e dispor de maior aporte de tecnologia, trata-se de um sistema que dá suporte ao abastecimento nacional.
Tanto que apesar de representarem pouco mais de 78% da área, as lavouras irrigadas alcançam mais de 85% da produção brasileira. “Ano a ano, observamos que as áreas de sequeiro, que já predominaram no Brasil, perdem espaço para o arroz irrigado”, observou Alcido Wander, pesquisador da Embrapa Arroz e Feijão, de Goiás.
Ele lembrou que o sistema antigo de produção de sequeiro também ficou pra trás. “É um cultivo que ocorre apenas em áreas muito tradicionais, quilombos, reservas indígenas e regiões de pouco acesso tecnológico, que ainda usam técnicas rudimentares, como roça de toco, queimadas e vazantes. O centro-oeste e parte do norte e até do sudeste absorveram a tecnologia de cultivo de variedades de terras altas”, explicou o pesquisador da Embrapa Carlos Magri.
Esse sistema foi desenvolvido na década de 1990, mas ganhou impulso no início dos anos 2000, quando as cultivares Embrapa passaram a substituir variedades Cirad no Mato Grosso e Goiás, que eram utilizadas em primeiro cultivo na abertura da mata para soja e pecuária.
“O arroz começou a se inserir no sistema de produção do cerrado de forma mais profissional. As variedades e a tecnologia de terras altas trouxeram estabilidade produtiva e qualidade de grão ao centro-oeste, em um sistema que substituiu com vantagens o sequeiro”, frisou.
Atualmente, os três principais estados produtores do Brasil, que somam 82% da produção nacional, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Tocantins, utilizam sistema irrigado.
Na área de produção de terras altas, o maior estado é o Mato Grosso, quarto maior em volume de safra no Brasil atualmente. O Maranhão, quinto maior produtor nacional, utiliza quatro sistemas de produção, o irrigado em áreas empresariais, por vazantes em áreas tradicionais de savanas alagadas, terras altas em algumas regiões e sequeiro em comunidades mais tradicionais.