Hegemonia gaúcha

 Hegemonia gaúcha

Rio Grande do Sul
produz 71% da safra brasileira e recupera
perdas de 2015/16
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 Se o Brasil é o maior produtor de arroz fora da Ásia é porque o Rio Grande do Sul é o grande celeiro da orizicultura nacional. Segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgados em julho, 71% da produção brasileira está concentrada em terras gaúchas, ou seja, 8,73 milhões de toneladas em 12,3 milhões de toneladas. A área cultivada, 1,1 milhão de hectares, que representa 56% de 1,98 milhão de hectares totais do cultivo, e a maior produtividade média do Brasil, 7.930 quilos por hectare, corroboram essa hegemonia produtiva.

Para o Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), os números foram outros, embora similares: 1,106 milhão de hectares, 21.276 a mais do que na temporada anterior, na qual o fenômeno climático El Niño inibiu o plantio. A produção, pelo instituto gaúcho, foi de 8,75 milhões de toneladas, com rendimento médio de 7.913 quilos por hectare.

Maurício Fischer, diretor técnico do Irga, destaca que o clima favorável ao preparo antecipado foi fundamental na recomposição da área gaúcha e na produtividade média obtida. “Os gaúchos conseguiram plantar um percentual muito alto da lavoura dentro do melhor período indicado pela área de pesquisas e isso repercutiu na produção e na produtividade”, explica.

Rodrigo Schoenfeld, gerente de pesquisas do Irga, considera que os números poderiam ainda ser mais expressivos se não tivessem ocorrido fortes chuvas e enchentes em outubro de 2016, capazes de interromper o plantio e exigir que fossem replantados quase 15 mil hectares dos arrozais.

Ainda segundo dados do instituto gaúcho, as cultivares Irga RI (40%), Guri Inta CL (20%) e Puitá Inta CL (10%) foram as mais semeadas no Rio Grande do Sul. “Em geral, as práticas de manejo, tanto no arroz quanto na soja em várzea, foram favorecidas pelo clima. O agricultor conseguiu realizar cada operação na hora certa, da forma mais correta, com o produto adequado. Isso resultou numa expressiva recuperação em produtividade, produção e qualidade de grão”, finaliza Schoenfeld.

FIQUE DE OLHO

A intenção de plantio da lavoura de arroz para a safra 2017/18 deve ser divulgada pelo Irga durante a Expointer 2017, que acontece entre a última semana de agosto e a primeira semana de setembro em Esteio (RS). No entanto, avaliação inicial dos técnicos e também dirigentes setoriais indica a expectativa de uma retração de 3% a 5% na área cultivada na próxima temporada por causa das dificuldades de crédito e dos baixos preços obtidos por mais de 60% da produção do estado. Para 2018 se espera dificuldades similares na comercialização, o que desestimula o plantio. Confirmada a projeção, a área gaúcha ficaria entre 1,051 e 1,073 milhão de hectares, com uma retração de 27 a 55 mil hectares. Parte da área deve ser ocupada com soja, parte com pecuária e pousio. Além disso, muitas lavouras devem trocar de mãos e ser absorvidas por produtores com maior capacidade econômica.

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