Heinze acredita que crise vai reduzir área plantada

Com menos recursos e sem previsão de um mercado favorável, produtores tendem a plantar menos.

O agronegócio brasileiro é responsável por 37% dos empregos, 30% do PIB (Produto Interno Bruto) e 39,4% das exportações. No ano passado, o setor registrou superávit de US$ 35,6 bilhões, contra US$ 2,1 bilhões dos demais segmentos da economia. Com isso, o desempenho do agronegócio levou o Brasil a atingir superávit de US$ 37,8 bilhões na balança comercial em 2004. A evolução do plantio de grãos nos últimos15 anos mostra um crescimento de 28,5% na área plantada (média de 1,8% ao ano) e 96,7%, na produção (média de 4,95% ao ano).

Esse cenário positivo, no entanto, pode mudar. Se forem confirmadas as previsões das lideranças agrícolas, a crise da agropecuária brasileira provocada por fatores que vão da desvalorização cambial, problemas climáticos, aumento do custo de produção e queda de preços de commodities , aliado à ausência de apoio governamental para o endividamento, deve resultar em um quadro devastador.

O deputado Luiz Carlos Heinze (PP-RS), que participou da reunião da bancada ruralista da Câmara dos Deputados com os ministros da Fazenda, Antônio Palocci, e da Agricultura, Roberto Rodrigues, está pessimista. “A área plantada será reduzida, a colheita vai ser menor, porque o produtor que não honrar seus compromissos não terá crédito para a plantar próxima safra ou vai plantar sem tecnologia”, disse o parlamentar após a reunião no Ministério da Agricultura em que o ministro Palocci não acenou com nenhuma possibilidade de liberar recursos adicionais para o setor.

Heinze afirmou que não há como estimular um plantador de trigo do Rio Grande do Sul, por exemplo, a voltar a plantar o cereal quando está vendendo a R$ 18,00 a saca do produto cujo custo de produção no ano passado foi de R$ 24,00 a R$ 25,00. O mesmo, acrescentou o deputado, acontece com o produtor de arroz, que está recendo em junho deste ano 38,8% a menos (R$ 19,28) do que recebeu em junho do ano passado (R$ 31,53) pela saca de 50 kg do produto. “Esse preço é praticando no mesmo momento em que há um aumento no preço dos insumos”.

O deputado também criticou a postura do governo em relação ao que chama de “cartelização” da indústria de insumos e dos supermercados. “O Brasil tem hoje meia dúzia de empresas de defensivos agrícolas, meia dúzia de empresas de fertilizantes, três de máquinas agrícolas e quatro ou cinco redes de supermercados que dominam tudo e o governo não faz nada”, afirmou o deputado.

Heinze afirmou que embora o preço do arroz tenha caído mais de 38% para o agricultor, a queda do preço ao consumidor foi de apenas 24%. Segundo o deputado, os 14% de diferença estão com os supermercados. “E o ministro Palocci fala que nós temos que ajudar a controlar a inflação, que milhões de agricultores têm que baixar os preços e ser solidários”, ironizou. As informações são da assessoria de imprensa da CNA.

Deixe um comentário

Postagens relacionadas

Receba nossa newsletter