Integração com a qualidade
Produção integrada do arroz (PIA) oficializada eleva o cereal a novo
status para os mercados interno e global
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Cada vez mais, em qualquer canto do mundo, o consumidor que chega ao supermercado, armazém ou mesmo num restaurante quer saber mais informações sobre o alimento que vai consumir. Informa-se da origem, o caminho que percorreu, em quais condições foi produzido e quais são as suas qualidades intrínsecas, nutricionais, sociais, ambientais, culturais e a integridade com a ausência de resíduos e contaminantes.
É uma tendência mundial que demonstra que o consumidor está cada vez mais exigente e envolvido com os processos que levam o alimento à sua mesa. Em alguns países, o nível de exigência do consumidor consolidou legislações rígidas para o mercado que funcionam como barreira para nações exportadoras de alimentos, como é o caso do Brasil. Mas é preciso abrir essas portas e satisfazer os consumidores nacionais e internacionais.
Em sintonia com essa realidade, no final de 2016, após 14 anos de preparação, a cadeia arrozeira do Brasil deu um grande passo no sentido de integrar-se a esse movimento com a oficialização pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) do sistema de produção integrada do arroz (PIA). O ato aconteceu pela publicação da instrução normativa que orienta as normas técnicas específicas (NTE) para 13 culturas agrícolas inseridas no sistema de produção integrada agropecuária (PI Brasil), editada por meio do Plano Agro +, entre elas o arroz.
A produção integrada da cultura do arroz é coordenada pela Embrapa Clima Temperado, de Pelotas (RS). A unidade planeja ações para capacitação de auditores ao longo de 2017 facilitando a busca do selo de acreditação no Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro). A coordenadora da PIA no Brasil é a pesquisadora Maria Laura Turino Mattos, da Embrapa. A formação dos auditores e aplicação da norma têm por meta a rastreabilidade e a certificação do arroz, fundamentais para consolidar a presença do grão nacional nos mercados mais exigentes e atestar a segurança do alimento para o consumidor nacional. “Haverá cursos para auditores e responsáveis técnicos de campo e indústria e treinamento para os rizicultores”, explica.
Desta forma, produção primária e indústria de transformação estarão aptas a colocar as normas em prática, solicitar as auditorias e obter a certificação e o selo de conformidade Brasil Certificado, chancelado pelo governo brasileiro com apoio da cadeia produtiva. Serão investidos R$ 725 mil na capacitação dos interessados.
SOLUÇÃO
Para Maria Laura, a produção integrada é uma das soluções para a cadeia orizícola estabelecer uma relação de confiança entre o produtor, indústria e consumidor e receber o reconhecimento do governo brasileiro, por meio do Inmetro. E o sistema com o selo Brasil Certificado é o caminho para indústrias de arroz que já possuem marcas com denominação de origem (DO) ou indicação geográfica (IG) e não conseguem diferenciação no mercado e reconhecimento do consumidor. No Brasil, na cultura do arroz, apenas o Litoral Norte gaúcho alcançou este patamar e somente uma indústria lançou produtos com IG.