Intensificação sustentável

Elite da ciência do arroz
se reúne para definir
os caminhos do futuro
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A intensificação sustentável será o tema central do 10º Congresso Brasileiro do Arroz Irrigado (Cbai), de 8 a 11 de agosto, no Hotel Serrano, em Gramado (RS). Cerca de 800 cientistas e técnicos são esperados. O evento é promovido pela Sociedade Sul Brasileira do Arroz Irrigado (Sosbai), presidida por Rodrigo Schoenfeld, gerente de pesquisa do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga). O presidente do congresso será o pesquisador Ibanor Anghinoni.

“É um marco de atualização, debate e ajustamento de ideias, propostas, projetos, tendências e parcerias entre as organizações de pesquisa e os cientistas”, explica Schoenfeld.

Para Anghinoni, o tema central foi escolhido com base nas tendências das pesquisas mundiais e em consonância com o momento da cultura do arroz no Rio Grande do Sul. “Após uma década de monocultivo vivemos a integração gradual da produção agropecuária nas várzeas não apenas como alternativa econômica, mas agronômica, ambiental e de sustentabilidade”, enfatiza. Para ele, o setor de pesquisas dá suporte fundamental ao cultivo de quase 300 mil hectares de soja nas várzeas, número que pode dobrar nos próximos anos, mas há muito a fazer para que a pesquisa responda às demandas.

A conjunção dos fatores econômicos e a necessidade de reduzir custos, cumprir com normas ambientais também por questões de mercado e de recuperar as características químicas e físicas do solo e as melhores condições do cultivo, controlando pragas, doenças e invasoras, levaram à busca da rotação de culturas e à integração lavoura-pecuária. “O congresso servirá para apresentar, debater e ajustar resultados, experiências e propostas, bem como reunirá sugestões, diretrizes e encaminhamentos para a condução destas práticas”, explica Ibanor Anghinoni.

A Conferência Magna, dia 8 de agosto, será “Reconectando a natureza com a produção agrícola – a via da intensificação sustentável”, com o professor Paulo César de Faccio Carvalho, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs). Para ele, a intensificação sustentável, pela integração lavoura-pecuária, está em sintonia com as linhas do pensamento global de como produzir alimentos no futuro. “E isso demanda mudanças na forma com que se produziu nos últimos 50 anos, na qual aumentamos os níveis de intensificação e especialização e reduzimos a diversidade no número de cultivos dentro da porteira. Tal concentração nos levou, em muitos casos, à monocultura e causou problemas como baixa resiliência financeira e impacto ambiental”, explica.

Trabalhar em sistemas integrados de lavoura e pecuária – eventualmente florestas – não é novidade, mas o método retomou importância mundial por se tratar de rara tecnologia capaz de compor altos níveis de produtividade de alimentos com a necessária diversificação do sistema produtivo. “A diversificação poderia ser pensada na forma de rotação agrícola com arroz, soja, milho, trigo, mas para elevar seu nível é preciso agregar as pastagens e os animais. A pastagem faz a recuperação da parte física e química dos solos, pois é grande sequestradora de carbono e recupera teores de matéria orgânica com rapidez”, revela Carvalho.

Animal
Mas a diferença se nota na introdução do animal, que come a biomassa e a recicla mudando o fluxo dos nutrientes de uma forma que a rotação agrícola não faz. “Dependendo do manejo, a rotação pode gerar perda de nutrientes e carbono, enquanto associar a pecuária os agrega, fortalece a vida do solo, estabelece novas vias de fluxo, incrementa a diversidade da biomassa e intensifica a atividade microbiana”, diz Carvalho. “O cuidado necessário é a lotação por área”, acrescenta.

FIQUE DE OLHO
A médio e longo prazos, os especialistas acreditam que a integração não só recompõe as características químicas e físicas do solo, resgatando a fertilidade, mas pode reduzir em até 30% o uso de fertilizantes químicos, diminuindo o custo de produção e manejo. Pela sinergia das atividades o sistema busca a sustentabilidade da agricultura, ampliando os resultados da orizicultura e estabelecendo que o agrossistema se torne cada vez mais parecido com o ecossistema.

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