Irga está de olho nas lagartas do arroz

O Instituto Rio-Grandense do Arroz (Irga) está fazendo uma pesquisa de campo em várias regiões do estado para quantificar os prejuízos provocados pelas lagartas do arroz nas lavouras gaúchas.

O Instituto Rio-Grandense do Arroz (Irga) está fazendo uma pesquisa de campo em várias regiões do estado para quantificar os prejuízos provocados pelas lagartas do arroz nas lavouras gaúchas. O entomologista Jaime Vargas de Oliveira, da estação experimental do Irga em Cachoeirinha, e o engenheiro agrônomo José Patrício de Freitas, do Irga de Cachoeira do Sul, fizeram nos últimos dias a coleta de lagartas e o levantamento dos estragos nas lavouras da região. Segundo eles, o prejuízo aos produtores deverá ficar na casa de 10% da produção.

O especialista em insetos observa que nas últimas três safras houve uma maior incidência de lagartas nas lavouras de arroz, principalmente as lagartas da panícula (cacho do arroz). Segundo Jaime Vargas de Oliveira, os produtores estão acostumados a identificar as lagartas da folha, que atacam a lavoura no início do seu ciclo. A novidade no campo dos arrozeiros é a grande quantidade das lagartas da panícula, que cortam o cacho do arroz no período de floração até a colheita.

A orientação dos profissionais do Irga aos produtores é para redobrar as atenções com a lavoura para identificar o surgimento das lagartas. “Em lavouras infestadas podem ser encontradas até 20 lagartas por metro quadrado. Para combater este inseto o recomendado é buscar assistência técnica. Para eliminar as lagartas o lavoureiro deve aplicar inseticida facilmente encontrado nas casas especializadas”, observa Oliveira. Segundo José Patrício de Freitas, a análise minuciosa junto aos pés de arroz para identificar a presença de lagartas deve ser feita semanalmente.

Na última safra o Irga identificou uma maior quantidade de lagartas nas lavouras de arroz. O trabalho que está sendo desenvolvido este ano é para quantificar as perdas e alertar os produtores para o combate ao inseto. Os primeiros estudos apontam que a quebra na colheita pode chegar a 10%. “Seria como perder cerca de 600 quilos de arroz por hectare, levando em conta a produtividade média de 5,8 mil quilos por hectares na região central”, observa José Patrício de Freitas.

SPODOPTERA

A lagarta da folha, que tem o nome científico Spodoptera Frugiperda, ataca a lavoura no início do ciclo e provoca perdas da produtividade em razão do corte nas folhas da planta. No caso das lagartas da panícula, inseto que está mais presente nas últimas safras, o ataque é diretamente no cacho de grãos, que acabam caindo ao chão no período de floração até a colheita.

As lagartas da panícula são identificadas cientificamente pelos nomes de Pseudaletia Sequax e Pseudaletia Adultera. Em algumas lavouras analisadas na região de Cachoeira do Sul e Restinga Seca a ação das lagartas chegou a provocar a queda de 50% da panícula de alguns pés de arroz.

PARA SABER MAIS

As lagartas que estão atacando as lavouras de arroz têm um ciclo de vida de aproximadamente 60 dias. O inseto atinge as plantações durante 20 dias, enquanto está na fase de lagarta, depois que saiu do ovo e se prepara para o período de crisálida (casulo). A fase adulta deste inseto é após deixar o casulo, quando será uma espécie de borboleta ou mariposa.

Uma das explicações para a maior incidência de lagartas nas lavouras de arroz nas últimas safras é o clima quente. Segundo o entomologista Jaime Vargas de Oliveira, os insetos hibernam no inverno para se perpetuarem. Uma lagarta coloca durante seu ciclo de vida de mil a dois mil ovos. Nas safras de 1983 e de 1999 cerca de 90% das lavouras foram atacadas por lagartas da folha, mas nunca houve uma incidência grande de lagartas da panícula no arroz.

A safra de arroz que está sendo colhida este ano sofreu com os insetos. Além das lagartas, a bicheira da raiz foi constatada em aproximadamente 60% das lavouras, provocando perdas que variam de 10% a 20% da produtividade do cereal. Para combater a bicheira da raiz, mais de 40% das áreas atingidas receberam tratamento com defensivos, o que não é comum. A principal ação para evitar a bicheira da raiz é o tratamento de sementes com produtos a base do componente químico fipronil.

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