La Niña, tchê!

 La Niña, tchê!

Fronteira oeste: milhares de hectares foram afetados pela estiagem

O mês de fevereiro chegou com a certeza de que a safra gaúcha não será cheia para a cadeia produtiva do arroz. E poderá reduzir mais de 800 mil toneladas. Na última semana de janeiro, estimava-se que ao invés de quase 8,1 milhões de toneladas previstas pela Conab, a colheita ficaria próxima de 7,5 milhões de toneladas. Em fevereiro, a projeção caiu para 7,2 a 7,6 milhões. E segue baixando.

Ainda sem avaliação oficial da quebra, o impacto da estiagem e do calor excessivo nas lavouras obrigaram ao abandono de cerca de 10 mil hectares, segundo produtores, e também devem gerar colheita de grãos de menor rendimento industrial.

Isso derruba os preços ao produtor e aumenta os “descontos” junto à indústria. Embora aproveite os quebrados – cujo mercado de exportação anda aquecido -, a indústria precisa processar maior volume de arroz para alcançar o peso nas embalagens Para piorar, o custo de produção da safra subiu entre 25% e 36%. A esperança é que a queda produtiva seja compensada por melhores preços.

No fim de janeiro choveu em algumas zonas, mas a situação nas regiões central e fronteira oeste seguiu crítica. Municípios como Massambará registram perdas de 30% até o fim de janeiro. “Nunca vi situação como esta”, disse Pablo Mazzuco de Souza, engenheiro agrônomo do Irga.

Raul Borges Neto, presidente da Associação de Arrozeiros de Itaqui, revelou que o nível de perdas também é elevado por temperaturas acima de 40 graus por quase 20 dias, que fizeram abortar a floração do arroz e encolher os rendimentos. Será uma colheita de grãos falhados e chochos, que afetará o resultado da safra nos dois lados da fronteira”.

LA NIÑA
A meteorologista do Irga Jossana Cera reconheceu a chance do fenômeno La Niña seguir agindo até o fim do outono. O temor é que o inverno seco dificulte a recomposição dos mananciais.

“Não me surpreenderá se a área cair abaixo de 900 mil hectares em 2022/23 por limitação hídrica e pelo custo, ainda que haja recuperação nos valores de venda”, reconheceu Alexandre Velho, presidente da Federarroz. Muitas áreas foram mantidas com banhos por faltar água para a lâmina. Elas produzirão menos.

Dois efeitos da estiagem e altas temperaturas podem ser vistos nas lavouras: a maior presença de invasoras – por falta de umidade no solo os defensivos não funcionaram direito e faltou a lâmina d’água para evitar a emergência e a competição do mato com a lavoura comercial – e também um volume significativo de espiguetas (cachos) esbranquiçadas. Em lavouras com água disponível, espera-se alta produtividade.

SOJA E MILHO
Os cultivos de soja e milho no RS sofreram danos. A previsão é de que o milho ultrapasse R$ 100,00 e a soja já superou R$ 200,00 por 60 quilos no porto. Mas essa será a realidade de quem tiver capitalizado e colher bem. Quebras nas culturas de sequeiro e pecuária mexem na estratégia de comercialização de quem vende esses produtos no primeiro semestre e segura o arroz para o fim do ano, em busca de renda.

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