Marcando passo

 Marcando passo

Mapa vê queda de
área e produção de
arroz até 2028.
Consumo cresce pouco.

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) realizou estudo anual no qual indica as suas estimativas para a produção de arroz ao longo dos próximos 10 anos. A análise faz parte das Projeções do Agronegócio: Brasil 2017/18 a 2027/28, indicando a tendência das principais culturas agropecuárias brasileiras. As perspectivas para o setor arrozeiro, no entanto, não chegam a entusiasmar. Na verdade, o ministério projeta uma retração produtiva e em área, compensada em parte por um pequeno avanço da produtividade.

A área deverá continuar a trajetória de queda acentuada, de 49%, passando dos atuais 1,96 milhão de hectares para cerca de 1 milhão na temporada 2027/28. Seriam 960 mil hectares a menos, com média anual de retração de 96 mil/ha. A expectativa está baseada na concentração produtiva nas zonas irrigadas e o quase desaparecimento das áreas de arroz de sequeiro e terras altas, mantendo o fenômeno de concentração que tem sido acompanhado nas últimas décadas. A área cultivada caiu de quase 5 milhões de hectares na década de 1970 para menos de 2 milhões de hectares atuais.

Segundo técnicos da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), os números da projeção de produção são realistas. Podem aumentar de forma mais significativa se o Brasil conseguir uma inserção mais expressiva no mercado internacional deste produto, no qual atualmente apenas 8% da produção global é exportada.

Os aumentos recentes no nível de produtividade decorrem de duas razões importantes: a diminuição da área plantada com arroz de terras altas (antigo sequeiro), que possui rendimento bem mais baixo que o irrigado, e o aumento da produtividade efetiva, dentro de cada sistema de cultivo. “Como a superfície semeada se encontra estabilizada, pois o arroz irrigado não aumenta de forma relevante e o de terras altas não tem mais diminuído, espera-se que os aumentos na produtividade média não sejam mais tão expressivos nos próximos anos, pois eles deverão ocorrer por melhorias dentro de cada sistema”, diz o levantamento.

 

Colheita: projeção para o futuro é de uma quase estabilidade

PRODUÇÃO
Mesmo assim, os números finais para a colheita da safra 2027/28, em 11,9 milhões de toneladas, são inferiores ao resultado que a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima para a safra atual, em 12,025 milhões de toneladas. Essas 125 mil toneladas a menos contrastam com um avanço de 200 mil toneladas no consumo. A demanda brasileira em 10 anos terá apenas um avanço vegetativo pelo aumento populacional. A expectativa do governo brasileiro é de que as lavouras terão um crescimento anual de 0,4% sobre a média das últimas temporadas. 

CONSUMO
A taxa anual projetada para o consumo é próxima de zero (0,2%). Segundo o relatório, nos últimos anos ocorreu tendência de estagnação da demanda do cereal no Brasil. Passou de 11,7 milhões de toneladas em 2012 para 12 milhões em 2018. “A relativa estabilização do consumo projetado, 12,2 milhões de toneladas em 2027/28, é condizente com os dados de suprimento da Conab. A OECD-FAO (2018) projeta para o próximo decênio uma demanda anual de arroz de cerca de 8 milhões de toneladas no país, bem abaixo do previsto neste trabalho”, diz o informe do Mapa.fique de 

FIQUE DE OLHO
Apesar das projeções negativas para área e produção e pequeno avanço no rendimento e consumo, o estudo deixa uma margem para avanços mais expressivos. No limite superior do prognóstico, o Mapa projeta que o Brasil poderá produzir até 20,2 milhões de toneladas, consumir até 15,9 milhões de toneladas de arroz e importar até 3,87 milhões de toneladas. Onde vai parar todo esse arroz produzido e importado (com suprimento total de quase 24,1 milhões de toneladas), o estudo não explica.

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