Melhor de 10

Produção catarinense
será a melhor dos últimos anos, apesar do clima
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O relatório de safra da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), divulgado em abril, prevê a produção das lavouras de Santa Catarina em aproximadamente 1,070 milhão de toneladas, ou seja, 4,1% a mais na comparação com o período anterior, quando foram colhidas 1.024,9 milhão de toneladas. Com base neste desempenho, a Conab projeta que o estado alcançará a sua melhor safra dos últimos 10 anos. Conforme o analista de mercado da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri-Cepa), Luiz Marcelino Vieira, o volume previsto pela Conab fica muito próximo da estimativa inicial feita pela Epagri, que era de 1,100 milhão de toneladas de grão em casca nesta temporada.

Em termos de produtividade, ele explica que o produto colhido, de uma maneira geral, tem apresentado um rendimento médio que varia entre 7 mil e 8 mil quilos por hectare, dependendo da região produtora. “Entretanto, há casos de municípios produzindo entre 11 e 12 mil quilos por hectare”, observa. O que trouxe certa apreensão aos produtores do estado durante esta safra, segundo o analista, foram fatores climáticos adversos, como o forte calor registrado durante a segunda quinzena de janeiro e a primeira semana de fevereiro, quando as temperaturas ficaram bem acima da média histórica.

“Também tivemos a ocorrência de chuva com forte intensidade na segunda quinzena de janeiro em municípios como Agronômica, Rio do Oeste e Taió e, na segunda quinzena de fevereiro, em Araranguá, Passo de Torres, Santa Rosa do Sul, Sombrio, Criciúma, Içara, Morro da Fumaça e Braço do Norte. Já na primeira quinzena de março, a queda de granizo em Rio do Campo acabou comprometendo até 40% do cereal. Mas, de maneira geral, as perdas foram localizadas”, descreve Vieira. Esta análise é compartilhada pelo vice-presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina, Rui Geraldino Fernandes. “Embora o percentual das perdas nas lavouras ainda não tenha sido apurado, a expectativa do setor produtivo é de uma safra dentro da normalidade, com volume superior a 1 milhão de toneladas”, prevê o dirigente.

Com o término da colheita previsto para a primeira quinzena de maio e com o aumento da produção, o mercado permanece comprando o estritamente necessário. Por outro lado, o segmento produtivo oferta pouco na expectativa de preços melhores nos próximos meses. Desta forma, os preços têm se mantido praticamente estáveis. Marcelino Vieira informa que, no produtor, a saca de 50 quilos do cereal vem sendo negociada no litoral norte catarinense e Alto Vale a R$ 33,00, enquanto na região sul catarinense, entre R$ 33,00 e R$ 34,70. “Seguindo o comportamento do mercado nacional do produto, a tendência é de que os preços recebidos pelo produtor catarinense comecem a dar algum sinal mais expressivo de valorização do grão a partir da segunda quinzena do mês de maio”, estima o analista.

Na avaliação de Rui Geraldino Fernandes, embora os preços venham se mantendo firmes, com tendência de elevação, ainda não impactam positivamente na renda do produtor. “Em comparação com o Rio Grande do Sul, o custo de produção em Santa Catarina acaba sendo maior porque nossas lavouras são conduzidas por pequenos produtores familiares em pequenas propriedades. A diferença está nos custos variáveis para aqueles produtores que arrendam terras, alugam maquinário e contratam mão de obra temporária, por exemplo”, compara. Para discutir esta questão, a Faesc e a Epagri estiveram reunidas com representantes da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) no dia 30 de abril, em Tubarão, buscando justamente levantar o real custo para se produzir uma saca de arroz no estado.

“Entendemos que o preço mínimo para se produzir 137 sacas de arroz por hectare não pode ser inferior a R$ 32,00, se não é prejuízo”, considera o dirigente. Atualmente, o preço mínimo do arroz irrigado pago pelo governo federal aos produtores gaúchos e catarinenses, responsáveis por mais de 70% da produção brasileira do cereal, está em R$ 25,80.

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