Menor, mas não tanto
Safra mundial reduz 3 mi de toneladas. Primeira queda em cinco anos
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A produção mundial de arroz registrou queda de 0,4% em 2014, com a redução de 3 milhões de toneladas do cereal (base casca) para os 742 milhões de toneladas registradas. Estes dados foram divulgados pela agência da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO/ONU) em seu relatório de abril. O volume produzido no ano que passou equivale a 494 milhões de toneladas do cereal beneficiado e registra a primeira queda em cinco safras.
As causas, segundo os analistas da FAO, são a chegada de chuvas tardias no Sul da Ásia, especialmente na Índia, onde as monções chegaram atrasadas e a produção baixou em 3%. No restante do continente asiático a produção se manteve estável, inclusive aumentando na China, Filipinas e Myanmar.
No hemisfério oeste, a produção melhorou novamente nos Estados Unidos. Por outro lado, no Mercosul a produção marcou uma ligeira contração, especialmente pela redução da área cultivada na Argentina e no Uruguai.“Na África Subsaariana a produção não aumenta muito devido à estagnação dos rendimentos e do lento aumento das áreas semeadas. A dinâmica produtiva implementada depois da crise de 2008 parece decair e as importações africanas tendem a reativar-se, mesmo que em 2015 sejam menores que o previsto”, avalia Patrício Méndez del Villar, analista do Centro de Cooperação Internacional em Pesquisa Agronômica para o Desenvolvimento (Cirad), da França, que edita o boletim InterArroz.
ALTA
Em 2014 o comércio mundial teve crescimento de 14%, alcançando pela primeira vez 42,4 milhões de toneladas, contra 37,2 milhões de toneladas do cereal comercializadas em 2013. A demanda de importação africana foi densa, assim como no Oriente Médio e no Sudeste Asiático, os quais se beneficiaram de preços mundiais mais baixos. “Em 2015, as novas estimativas indicam uma contração do comércio para 41,3 milhões de toneladas, um declínio de 2,6%. Na Ásia, a demanda de importação deve baixar em consequência do incremento da produção nos grandes países importadores”, diz Del Villar, mas o câmbio com a valorização do dólar sobre as moedas dos países em desenvolvimento também está pesando.
Os estoques mundiais de arroz encerraram 2014 com aumento de 2,4%, alcançando um nível recorde de 181 milhões de toneladas. Del Villar destaca que este volume representa quase 37% das necessidades mundiais, o mais alto nível do último decênio. Em 2015, a expectativa inicial é de que as reservas mundiais podem baixar 2,4%, para 176,6 milhões de toneladas, por causa do lento crescimento da produção global durante as duas últimas safras.