Mercado ainda rejeita arroz transgênico

 Mercado ainda rejeita arroz transgênico

Arroz convencional: garantia de qualidade para o mercado

Marcas brasileiras dizem não ao arroz modificado
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A rejeição mundial ao arroz geneticamente modificado ficou clara, com o compromisso assumido por 41 dos maiores exportadores, processadores e comerciantes mundiais do produto de não trabalharem com transgênicos. Essa onda global pode ser conferida no novo relatório do Greenpeace sobre os mercados de arroz. O relatório traz declarações de empresas da Ásia, Europa, Austrália e das Américas e o compromisso da maior empresa processadora de arroz do mundo, a Ebro Puleva, de não comprar arroz americano – que em sua maioria é transgênico. Isso ocorre devido ao incidente de contaminação ocorrido em 2006, quando o suprimento mundial de arroz foi contaminado com uma variedade experimental e ilegal de arroz transgênico produzida pela empresa de biotecnologia Bayer. O relatório também conta com a declaração de empresas brasileiras: Camil, Yoki e Josapar, da marca Tio João. 

“As declarações das empresas brasileiras deixam claro que não há espaço para o arroz transgênico no Brasil”, disse Gabriela Vuolo, coordenadora da campanha de engenharia genética do Greenpeace Brasil. “Estamos falando do alimento básico dos brasileiros, e o mercado está atento à vontade dos consumidores. A multinacional não deveria ignorar esses fatos e deveria pensar duas vezes antes de ir adiante com o seu pedido de liberação comercial”.

Empresa tenta aprovar arroz OGM

Várias ações judiciais multimilionárias foram movidas por agricultores americanos que se recusaram a assumir o prejuízo causado pela irresponsabilidade e conduta negligente da empresa produtora das sementes OGMs. Os agricultores afirmam que a empresa foi responsável pela contaminação dos estoques de arroz e pelas perdas econômicas dos arrozeiros dos Estados Unidos, e por isso deve compensá-los. Para o advogado Adam Levitt, parceiro em Chicago do escritório de advocacia Wolf Haldenstein, Adle Freeman & Herz, um dos líderes do processo contra a Bayer, a empresa vem tentando de todas as maneiras obter aprovação para o seu arroz GM em vários países do mundo. 

“Mas se recusa a aceitar responsabilidade pelos danos financeiros provocados por seu transgênico nos Estados Unidos e em outros lugares. Está culpando os fazendeiros ou ‘atos de Deus’ por esses problemas, enquanto os fatos apontam a empresa como culpada”, afirmou.

 

EUA perdem mercado externo

O relatório do Greenpeace também analisa as implicações econômicas da contaminação do arroz americano, o que inclui a queda nos preços futuros do arroz de até 150 milhões de dólares, a maior em um único dia registrada em anos. Especialistas acreditam que as exportações de arroz dos Estados Unidos devem cair até 16% em 2006/2007.
Perdas de contratos, cancelamento de pedidos, proibições às importações, testes, recall de produtos e perda de credibilidade da marca são algumas das conseqüências dos escândalos envolvendo o arroz ilegal. 

Como mostra o relatório, a tecnologia da engenharia genética não está controlada – como tentam fazer acreditar os seus defensores. Pelo contrário, as memórias de 2006 só demonstram cada vez mais a ineficiência de empresas e governos em lidar com os transgênicos. A indústria de biotecnologia tem sofrido vários revezes nos últimos tempos. Não garante segurança, não conquistou a confiança do mercado e não vem crescendo como esperava. Hoje, cerca de 70% da área plantada com transgênicos concentra-se em dois países, Estados Unidos (53%) e Argentina (17%).

Fique de olho
Países em que a Bayer CropScience solicitou autorização para o cultivo ou consumo. Todos os pedidos são para a variedade LL62.
1. Austrália – alimentação humana e ração.
Pedido em 2006
2. Brasil – cultivo, alimentação humana e ração,
importação de sementes, novos campos
experimentais. Pedido em 2006.
3. Canadá – Aprovação garantida para alimentação
e ração em 2006
4. União Européia (25 países) – alimentação e ração.
Pedido em 2004
5. Nova Zelândia – alimentação e ração.
Pedido em 2006.
6. Filipinas – alimentação e ração. Pedido em 2006
7. África do Sul – alimentação e ração.
Pedido em 2006.
8. Estados Unidos – aprovações concedidas para
cultivo, alimentação e ração das variedades LL601,
LL62 e LL06.
Fonte: Greenpeace

 

Uruguai não cultiva arroz transgênico

O Ministério da Pecuária, Agricultura e Pesca e o Instituto Nacional de Sementes do Uruguai divulgaram nota informando a inexistência de cultivo de arroz transgênico naquele país. Depois do caso de contaminação do arroz exportado pelos Estados Unidos por uma variedade transgênica, algumas ONGs realizaram campanha de alerta ao produto exportado por países que realizam testes com organismos geneticamente modificados. O Uruguai foi citado por ter autorizado ensaios das linhas LLRICE02 e LLRICE62. As autoridades uruguaias informam que apesar de publicado pelo Usda norte-americano, não há eventos deste tipo no país. A autorização foi concedida em 1998 para testes em arroz transgênico com o gene BAR (vetor pB5/35sbar), tolerante ao glufosinato de amônio, a pedido da Hoechst Marion Roussel. Todavia, apesar de autorizados, os experimentos nunca foram realizados.
O presidente da Associação de Cultivadores de Arroz do Uruguai, Hugo Manini Rios, destaca que há 10 anos a entidade firmou posição contrária ao cultivo de OGMs, por considerar estratégica sua participação no mercado internacional. O Uruguai é um dos maiores exportadores mundiais de arroz, o maior do Mercosul, e tem sua economia muito dependente desta atividade.

 

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