Modelos de financiamento foram debatidos na Abertura da Colheita do Arroz

 Modelos de financiamento foram debatidos na Abertura da Colheita do Arroz

Foto: Paulo Rossi

(Por Larissa Mamouna/AgroEffective) O crédito privado está sedento em se aproximar e investir no potencial do agronegócio. Analista do Banco Central e ex-Secretário de Política Agrícola, José Angelo Mazzillo Júnior, detalhou os motivos desse interesse no setor na tarde desta terça-feira, 14 de fevereiro, na 33º Abertura Oficial da Colheita de Arroz e Grãos em Terras Baixas, em Capão do Leão – evento realizado pela Federarroz, com a correalização da Embrapa e Senar/RS e patrocínio Premium do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga).

“O agronegócio me anima e ao investidor institucional que está nos grandes centros financeiros do mundo porque oferece rentabilidade, baixo risco e sustentabilidade com muita escala. O agro brasileiro é diversificado com várias regiões e diferentes produtos e há um ambiente mercadológico favorável a longo prazo, mesmo com guerras e pandemia”, opinou, no painel Modelos de Financiamento.

De acordo com o Mazzilo Júnior, “o agronegócio é um sonho, um paraíso para o investidor.” Nos próximos anos, destacou ele, o mundo terá 500 milhões a mais de pessoas, seremos 9,7 bilhões. “É um mercado para sempre, que está crescendo, evoluindo e terá que ser suprido”, alertou. Por outro lado, conforme o analista do Banco Central, e ex- Secretário de Política Agrícola, o crédito é um insumo fundamental “para explorarmos todo o potencial do agronegócio, gerar riqueza, segurança alimentar e energética para o nosso país e o mundo.”

Mas “o Brasil faz parte da solução”, afirmou, lembrando que o país já é o maior exportador mundial de café (28%), açúcar (42%), suco de laranja (74%) , soja em grão (53%), carne bovina (25%) e frango (30%). “Temos que colocar o arroz aí também. Vai levar um tempo mas se planejar e fizer um projeto vai acontecer. Os recursos privados querem que isso aconteça. Vocês tem um mercado muito bom a disposição de vocês, ninguém produz arroz com essa qualidade. Os restaurantes gourmets gostam exatamente do arroz produzido aqui”, provocou os produtores no evento.

Segundo Mazzilo Júnior, o Brasil, se mantido o ritmo de produção atual, nos próximos oito anos vai conseguir alimentar mais 100 milhões de habitantes e precisará de mais investimentos para poder alcançar entre 150 e 200 milhões de pessoas a mais. Entretanto, o mercado de crédito no nosso país não foi desenhado para atender a atividade empresarial. Da década de 1950/60 para cá, foi elaborado para atender o governo e quem não precisa de dinheiro e os bancos entraram em uma zona de conforto”, explicou.

Um mercado de crédito bem desenhado é um bem público. “A nossa saída é o mercado de capitais, a securitização, o CRA, o Fiagro e o CDCA. O investidor que vir para cá, nós temos que criar este caminho para o dinheiro privado chegar com mais velocidade. E o Estado tem que ajudar vocês a gerir os riscos e apoiar no que vocês precisam.”

Para o analista do Banco Central e ex-Secretário de Política Agrícola, a política do seguro rural, um dos caminhos para mitigar riscos, não é tratada como deveria e os economistas até hoje não entenderam o quão crucial é o seguro rural. “O governo tem que ter metas para a agricultura e prestar contas. O setor está acima das flutuações de humores de conjunturas políticas no nosso país. O agronegócio tem que ter um tratamento perene independente de quem está no poder. Temos tudo para ocupar o que é nosso por vocação e capacidade.”

Já o gerente de Negócios, Mercado Agronegócios Superintendência Varejo RS do Banco do Brasil, Anderson Quevedo do Nascimento, complementou que o Brasil ainda está iniciando um trabalho com o mercado de capitais e de crédito mas que os investidores institucionais cada vez mais querem participar do mercado altamente resiliente e com demanda garantida que é o agronegócio.

Entretanto, o produtor também necessita estar atento para o que é necessário para acessar este capital. “Quem investe quer os menores riscos possíveis”, recordou, apontando o seguro rural como uma direção nesse sentido. “Caso contrário, caso contrário ele vai continuar financiando outras atividades, inclusive o setor público comprando títulos do governo. De acordo com Nascimento, atualmente, o Banco do Brasil possui R$ 310 bilhões investidos na carteira do agronegócio brasileiro, de um total de ativos de R$ 1 trilhão. No Rio Grande do Sul o valor ultrapassa R$ 25 bilhões.

O painel teve a moderação do produtor rural Camaquã/RS e diretor da Federarroz PCI, José Carlos Gross. A programação completa assim como as inscrições para o evento, que ocorrerá de forma híbrida (virtual e online), e de forma gratuita, podem ser conferidas no site colheitadoarroz.com.br .

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