Motor do Norte
Tocantins dá suporte à safra da região, que se torna a segunda
maior do Brasil
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A Região Norte é a segunda maior produtora nacional de arroz e, mesmo com redução de 1,3% na área plantada na temporada 2016/17, está confirmando um aumento de produção de 6,1% em relação à safra passada, para 1.079,9 milhão de toneladas, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). O “motor” da produção arrozeira nesta região é Tocantins, que deve alcançar uma produção de 676,1 mil toneladas do cereal dirigido ao consumo no próprio estado e nos vizinhos, caso de Goiás, Maranhão, Piauí, Bahia e Pará. O estado promove o plantio de arroz irrigado nas regiões de Lagoa da Confusão e Gurupi, mas também mantém regiões com semeadura de variedades de terras altas.
Segundo o analista da Conab, Sérgio Roberto Gomes dos Santos Júnior, a safra de sequeiro é tradicionalmente realizada por agricultores familiares, para a subsistência, e pela agricultura empresarial, para a abertura de áreas dirigidas ao cultivo de soja. Mas o relatório da Conab divulgado em julho informa que na atual temporada observa-se redução de 23,5% das áreas para cultivo em sequeiro. Essa tendência de queda é verificada nos últimos anos e influenciada, em parte, pela diminuição de abertura de áreas para cultivo de soja e também pelo maior emprego de tecnologia por alguns produtores, que conseguem um retorno econômico maior com a soja no primeiro ano de cultivo.
O arroz em sequeiro já teve toda sua área cultivada colhida. Com o clima mais regular, nessa temporada, a expectativa é de uma produtividade média 34,9% maior que na safra anterior. Com relação ao plantio irrigado houve incremento de 8% na área cultivada e aumento de 2,3% na produtividade, com isso, há um crescimento de produção em 10,5% ante a última safra.
A colheita do arroz irrigado terminou em maio. Foi relatado que a alteração da tributação estadual na comercialização de arroz em Tocantins tem desestimulado a comercialização para outras unidades da federação, o que justifica a retração do nível de comercialização em relação à safra anterior.
Predomina na área de cultivo irrigado o uso de variedades da Epagri/SC e do Irga/RS, mas a Embrapa tem investido em pesquisas para o desenvolvimento de variedades adaptadas à região com boa qualidade de grãos e alta produtividade.
Daniel Fragoso, pesquisador da Embrapa Arroz e Feijão, de Santo Antônio de Goiás (GO), trabalha no Tocantins e destaca que o produtor tem à disposição cultivares da Embrapa voltadas aos dois sistemas de produção praticados no estado, tanto arroz de terras altas como irrigado. E vem mais opções nos próximos anos.
Há duas parcerias em andamento que em breve devem gerar frutos. Uma com a empresa privada Basf e outra com a Universidade Estadual do Tocantins (Unitins). Com a Unitins foi produzida a BRS Catiana, nome em homenagem a uma tribo de índios do Pará, que tem alta capacidade produtiva (média de 6 mil quilos na região, mas potencial de 10 mil quilos), tolerância a acamamento e doenças e se enquadra nas características do arroz agulhinha, longo fino, com boa qualidade de grãos, cozimento e soltabilidade.