Movido a arroz

A utilização de arroz para a produção de etanol talvez seja o item mais polêmico no leque de alternativas discutidas para escoar o excedente da produção do RS. “É possível fazer. Dispomos de tecnologia e existe viabilidade técnica e econômica. Outros países fizeram com sucesso utilizando o milho e também o arroz, como o Japão. Podemos resolver a questão dos excedentes destinando arroz tipos 2 e 3 para a produção de biocombustíveis”, argumenta o presidente da Federarroz, Renato Rocha.

A Federarroz apoia um projeto da empresa Vinema Multioleos Vegetais. “O objetivo é instalar seis biorefinarias no estado, uma em cada região produtora. Em funcionamento, as usinas absorverão 1,5 milhão de toneladas, que serão retiradas do mercado. Assim, poderemos estabilizar a produção com o consumo, garantindo preços melhores e mais estáveis ao produtor. Tendo isso equacionado, poderemos até crescer em área, com mais produção, empregos e, consequentemente, mais riqueza”, estima o dirigente.

Renato Rocha explica que a Federarroz se compromete em fornecer a matéria-prima para as refinarias com a garantia de que ela seja adquirida pelo preço mínimo de R$ 25,80. “Não é necessário que o arroz tenha alto rendimento de inteiros. Pode ser quebrado, gessado. Neste aspecto, é importante que o Irga e a Embrapa possam desenvolver variedades produtivas que sirvam mais para a produção de etanol do que para o consumo humano,”, sugere.

Conforme o presidente da Federarroz, já existe intenção do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) em levar em frente o projeto. “Há um caminho percorrido que não tem mais volta, mas falta o governo definir que incentivos fiscais serão concedidos às usinas”, informa. “O arroz é um cereal nobre, serve para alimentar as pessoas, os animais e servirá também para produzir energia limpa e ajudar a reduzir a emissão de poluentes”, prevê.

A alternativa, no entanto, ainda é vista com reservas por alguns setores da cadeia produtiva. “Penso que a viabilidade da produção de etanol de arroz dependerá do custo do processamento. Mas, pessoalmente, sou da opinião que não devemos produzir combustível com alimentos. Existe muita má distribuição de comida no mundo e a tendência é de que os alimentos, no futuro, fiquem ainda mais caros”, diz André Barreto, da Abrarroz.

O presidente do Irga, Claudio Pereira, segue a mesma linha de raciocínio, conforme entrevista publicada na edição 37 da Planeta Arroz: “Acho que o mundo passa fome e precisamos ser solidários com os brasileiros que vivem na pobreza. Cabe lembrar que uma das metas da presidenta Dilma Rousseff é erradicar a miséria no país”, disse.

Na avaliação de Claudio Pereira, existem alternativas a serem consideradas, como as doações humanitárias, o Programa de Distribuição Direta de Alimentos, o Programa Nacional de Merenda Escolar e a criação de uma campanha em nível nacional para aumentar o consumo de arroz no mercado interno.

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