Na contramão
OCDE e FAO preveem
queda nos preços agrícolas mundiais e na produção
de arroz e trigo
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A tendência de queda dos preços das principais culturas agrícolas mundiais deverá manter-se ao longo dos próximos dois ou três anos, antes de se estabilizarem em níveis acima do período pré-2008, mas abaixo dos recentes picos. Isso é o que prevê o relatório Perspectivas Agrícolas 2014-2023, produzido pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) e pela Agência para a Agricultura e Alimentação da Organização das Nações Unidas (FAO/ONU), divulgado em julho.
O estudo indica o aumento da produção dos chamados grãos grossos, para produção de biocombustíveis e ração animal, enquanto as colheitas de trigo e arroz devem ter crescimentos menores, de 12% e 14% respectivamente, mas sem risco ao abastecimento mundial. Os cereais são base da alimentação, mas em muitas partes do mundo as dietas têm um nível cada vez mais elevado de proteína, gordura e açúcar à medida que os rendimentos e a urbanização crescem.
Tais mudanças, combinadas com a alta da população global, exigirão o aumento substancial das safras. Lideradas pela Ásia e pela América Latina, as regiões em desenvolvimento serão responsáveis por 75% dessa produção agrícola adicional. O relatório prevê a produção mundial de cereais 15% superior em 2023 em relação ao período de 2011/13.
ARROZ
Paralelamente, a FAO consolidou os números da safra mundial de arroz 2013 e indica crescimento de 1,4%, para 746,7 milhões de toneladas (497,8 milhões de toneladas beneficiadas). As colheitas aumentaram em quase todo o mundo. Para 2014, segundo o analista Patrício Méndez del Villar, do Centro de Cooperação Internacional em Pesquisa Agrícola (Cirad), é previsto o incremento de 0,8%, para 753Mt em casca (503,6Mt de arroz beneficiado). Os estoques mundiais de arroz, no final de 2013 alcançaram o recorde de 174,9Mt, alta de 8,4% sobre as condições de 2012. Apesar da estagnação produtiva mundial, 2014 deve registrar nova alta, para 181,6Mt. Este alto nível contribui para uma estabilidade relativa dos preços mundiais, segundo Patrício Méndez del Villar.
FIQUE DE OLHO
Em 2013 o comércio mundial baixou 3%, para 37,2Mt contra 38,4Mt em 2012. Esta redução se deve a uma menor demanda nos principais importadores asiáticos e africanos, onde as colheitas cresceram. As previsões para 2014 foram revisadas para cima por causa da estagnação produtiva mundial devido às más condições climáticas no Sudeste asiático no final de 2013. O comércio mundial poderia, assim, alcançar pela primeira vez 40 milhões de toneladas, uma alta de 5,5%.