Na medida

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Lorga: preço mínimo desestimula o produtor do Mato Grosso

MT mantém produção para atender seu mercado interno
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O Mato Grosso, principal produtor nacional de arroz em terras altas, deverá recuperar sua condição de terceiro estado em volumes produzidos na safra 2008/2009, que perdeu na safra passada para o Maranhão, segundo dados da Conab. O estado do Centro-oeste já foi o segundo maior produtor brasileiro, com cerca de 1,6 milhão de toneladas, mas com a drástica queda produtiva em razão das restrições à abertura de novas áreas agrícolas e da competição de outras culturas melhor remune-radas sua área caiu significativamente. Neste ciclo, segundo a Conab, o Mato Grosso deverá reduzir sua área entre 2% e 4%, baixando de 239,8 mil hectares plantados para até 230,2 mil hectares. 

Mas a previsão da Conab é de que mesmo diminuindo o tamanho da sua lavoura o estado aumente entre 0,1% e 2,2% a sua produção, passando de 683,4 mil toneladas para até 698,4 mil toneladas, graças ao incremento da produtividade. O segundo levanta-mento de safra indica que o Mato Grosso deve alcançar produtividade média de 2.972 quilos de arroz por hectare, ante os 2.850 da safra passada. O aumento é de 4,3%. 

Isso se deve basicamente a duas razões. A primeira é a adoção de novas variedades, como a Cambará, signifi-cativamente mais produtivas e com melhor qualidade de grãos. A segunda é a adoção de práticas de manejo mais eficientes para as chamadas “áreas velhas”, ou seja, em sistema de rotação ou aproveitamento de pastagens degradadas. Atualmente, o Mato Grosso dispõe de um leque de novas variedades com capacidade produtiva, em ambiente tropical, de até seis mil quilos por hectare, desde que empregadas as melhores tecnologias. A produção do MT deve estar na medida para abastecer seu mercado interno.

INDÚSTRIA – O presidente do Sindicato Intermunicipal da Indústria da Alimentação do Mato Grosso (Siamt), Marco Lorga, considera que a produção não será maior em razão do desestímulo causado ao produtor por medidas como o preço mínimo diferenciado para o arroz em casca no estado. “Não vai faltar arroz para as indústrias do Mato Grosso, mas em 2009 teremos um mercado dife-renciado, a exemplo do que houve no Brasil, com preços acima das médias do Sul, dificuldades de colocar o produto local em outros mercados, como o Nordeste, e o consumidor do estado vai pagar mais caro pelo produto na gôndola”, frisa.
Lorga considera “perigoso para o país adotar uma política que exclui regiões tradicionalmente produtoras de arroz da sua política de preços mínimos”. Segundo ele, o valor de referência do Governo Federal não cobre nem 70% dos custos de produção. “E nas circunstâncias atuais a Conab nem sequer deve conseguir recompor seus estoques”, frisa. Em razão da queda produtiva do Centro-oeste, muitas indústrias instaladas no Mato Grosso e Goiás abriram plantas no sul do Brasil, principalmente Santa Catarina e litoral norte gaúcho. “Quem tinha que ir, já foi. Agora acreditamos muito mais em parceria das empresas do Sul com as mato-grossenses, funcionando como compradores de arroz beneficiado a granel e empacotando na marca local do MT”, frisou.

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