Nas mãos do governo

 Se existe algo que o arrozeiro não costuma perder é a esperança. Mas, nas últimas temporadas, muitos produtores não só a perderam como também deixaram o setor. Pela primeira vez em décadas, na temporada 2018/19 se viu sobrarem áreas de arroz para arrendar no Rio Grande do Sul e nem os produtores catarinenses quiseram investir.

O risco em produzir arroz é cada vez mais alto, pois não há garantia de preço, de renda e um seguro que cubra os custos reais; há competição desleal pelas vantagens dos concorrentes, tributação que gera barreiras ao arroz brasileiro no próprio país, uma taxa CDO que não volta para a lavoura, falta de acesso ao crédito oficial e um endividamento gigantesco no setor produtivo. O custo de produção disparou e chegou a R$ 48,68 (o equivalente a US$ 12,60), em novembro, para uma produtividade média de 151 sacas de 50 quilos por hectare.

Segundo as entidades, três em cada quatro arrozeiros têm dívidas em algum grau. E o preço mínimo de produção, desatualizado, não cobre nem o desembolso. Estar em Brasília com o chapéu na mão tornou-se uma rotina para as entidades setoriais. A diferença é que neste início de ano o diálogo tem fluído melhor, a ministra Tereza Cristina demonstra estar a par dos acontecimentos e das dificuldades e ter boa vontade para com o setor. Como 90% das demandas arrozeiras são federais, a esperança é de que na 29ª Abertura Oficial da Colheita do Arroz o governo sinalize com soluções. E não há mais tempo a esperar.

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