Ninguém segura os exportadores

Mesmo com as adversidades em 2016,
o Brasil exportou quase
1 milhão de toneladas
.

 Apesar de um segundo semestre de dólar desvalorizado, preços internos mais altos e baixa competitividade, o Brasil conseguiu exportar 935.085 toneladas de arroz em base casca no ano civil de 2016 – entre 1º de janeiro e 31 de dezembro. Segundo levantamento do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) com base nos dados da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio (Secex/MDIC), quase 100% foram embarcadas no Porto de Rio Grande (RS) com destino a 63 países.

Os quebrados de arroz dirigidos à África mantiveram os embarques ativos no segundo semestre, quando o câmbio e a relação entre os preços internacionais e domésticos fizeram o Brasil tornar-se pouco competitivo para arroz em casca e beneficiado. Os cinco maiores clientes foram Senegal, Nicarágua, Peru, Venezuela e Gâmbia – mais de 540 mil toneladas foram para estes países. Os Estados Unidos garantiram a sexta posição adquirindo 61,7 mil toneladas (base casca) aproveitando a vantagem do baixo preço brasileiro nos primeiros meses de 2016 e os baixos estoques estadunidenses: compravam no Brasil para atender mercados marginais com lucro e concentravam a sua produção em mercados mais remuneradores.

Ainda assim a balança comercial fechou negativa em cerca de 110 mil toneladas de arroz em base casca. Isso porque a quebra da safra brasileira reduziu as disponibilidades e a alta competitividade de países do Mercosul tornou obrigatória a importação para abastecimento de algumas regiões do Brasil Central e Nordeste. Com a alta dos preços internos da saca em casca, mantidos no segundo semestre entre R$ 48,00 e R$ 50,00, equivalendo de 14,00 a 16,25 dólares, tornou-se mais barato para algumas regiões comprar do Mercosul do que no Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

No período civil de 2016 o país importou 1,044 milhão de toneladas de arroz em base casca de 16 países. Só o Paraguai foi responsável pela remessa de 533,3 mil toneladas, ou 51%. O Uruguai remeteu mais 315,8 mil e a Argentina outras 162,2 mil. A soma dos vizinhos do Mercosul dá 1,01 milhão de toneladas, ou 96%. Destaque também para a Guiana, que se consolida como quarto maior fornecedor do Brasil com 22,2 mil toneladas para a Região Norte. Os demais 12 fornecedores concentram as aquisições de arrozes especiais: aromáticos, arbóreos, preto, vermelho, carolino, grãos curtos e outros tipos dirigidos a nichos de mercado. Entre os países inusitados estão Taiwan e Coreia do Sul.

O desafio brasileiro, no momento, é garantir a abertura de novos mercados e aproveitar a expectativa de queda nos preços internos no primeiro semestre para tornar-se competitivo e alcançar o maior volume possível de remessas com preços remuneradores. Não só as indústrias reduzem a capacidade ociosa, mantêm empregos e geram renda, mas toda a cadeia produtiva se beneficia, uma vez que as vendas externas ajudam a equilibrar a oferta e a demanda, enxugam o mercado e permitem a reação de preços no segundo semestre.

Há um esforço para garantir o ingresso do arroz brasileiro no México, o que pode ser auxiliado pelos repetidos anúncios de retaliação aos mexicanos pelo presidente estadunidense Donald Trump. Hoje, o arroz dos Estados Unidos domina o mercado do seu vizinho na América do Norte. No entanto, apesar de tratativas há dois anos o Mapa ainda não conseguiu formalizar acordos neste sentido. O Paraguai, em apenas três meses conseguiu o aval necessário.

Comercial

Considerando os 10 primeiros meses do ano comercial (1º de março a 31 de dezembro de 2016), o Brasil registrou déficit de 207,8 mil toneladas, tendo exportado 764,3 mil e adquirido no mercado externo 972,2 mil. Março foi o mês que o Brasil mais exportou: 140,8 mil toneladas, com saldo líquido positivo de 89,9 mil toneladas. Agosto foi o que mais importou: 159 mil toneladas, com saldo negativo de 132,1 mil toneladas.

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