No ritmo da estiagem
Prejuízos da estiagem no Rio Grande do Sul serão determinantes para a safra brasileira.
A maior incerteza da safra de arroz brasileira 2004/2005 vem do Rio Grande do Sul. A estiagem que castiga o estado será decisiva no fechamento dos números de safra e terá impacto sobre a produção nacional, já que o Rio Grande do Sul é responsável por praticamente a metade da safra brasileira. O último levantamento realizado pela Conab, em dezembro, indicava que o estado plantaria 987,2 mil hectares, obteria uma produtividade média de 5.930 quilos/hectare e consolidaria uma produção de 5,85 milhões de toneladas, uma queda de 7,1% sobre os 6,3 milhões de toneladas colhidos em 2004.
Os números do Instituto Rio-grandense do Arroz (Irga), no entanto, atualizados em janeiro, já indicam outro cenário. Para uma previsão inicial de que seriam plantados 949,7 mil hectares, foram concretizados 1,033 milhão de hectares. Esses 83,3 mil hectares plantados a mais do que o previsto no Rio Grande do Sul formam exatamente a área de alto risco por falta de capacidade de irrigação.
Inspirados por chuvas que ocorreram no final de novembro e início de dezembro e as notícias de alguns centros de meteorologia que indicavam a ocorrência do fenômeno El Niño, os arrozeiros plantaram uma área de lavoura maior do que a capacidade de irrigação de suas barragens. Muitos rios, arroios e barragens secaram em plena fase vegetativa da lavoura e, na primeira quinzena de fevereiro, algumas lavouras entraram em floração no seco. Em algumas cidades da depressão central as perdas já eram estimadas em 40%.
No Instituto Rio-grandense do Arroz (Irga) e na Emater/RS, a informação é de que no início de fevereiro foram confirmadas perdas parciais por falta de água para irrigação e salinização das lagoas da zona sul gaúcha. Todavia, não foram divulgados números a respeito. Tornou-se corrente entre os arrozeiros gaúchos a informação de que a quebra deve alcançar pelo menos 5%. Há indicativos, porém, de que a qualidade de grãos será melhor do que na safra passada.
Questão básica
Mesmo com o aumento do custo de produção, baixa de preços pagos ao produtor e a estiagem, o Rio Grande do Sul entra na safra 2004/2005 com a marca de investimentos em tecnologia para altas produ-tividades. Alicerçados no Programa Arroz RS, do Governo do Estado, os gaúchos adotaram em mais de 30% das lavouras tecnologias do Projeto 10, CFC, Sistema Clearfield, sementes certificadas e cultivares de melhor performance agronômica e industrial. “A lavoura gaúcha está buscando constantemente o crescimento de sua produtividade e competitividade. Só ainda não conseguimos concorrer com arroz subsidiado na origem e de países que pagam uma quarta parte de nossos impostos”, disse o presidente da Federarroz, Valter Pötter.