Normal pra quem?
Mesmo com queda no sequeiro, Brasil produz mais, repõe oferta e os estoques nacionais crescem
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Ainda dependendo da colheita de pequenas regiões do Norte e do Nordeste, parte delas destinada a cultivos de sementes ou subsistência, o Brasil está contabilizando os números finais da safra 2016/17 registrando um aumento de 16,2% em produção, até 12,32 milhões de toneladas. O volume é considerado “normal”, pouco mais de 1,7 milhão de toneladas acima da colheita de 2015/16, de 10,6 milhões de toneladas, duramente afetada por danos gerados pelo clima adverso. O arroz de sequeiro gerou 1,22 milhão de toneladas e o irrigado, 11,1 milhões.
O avanço ocorre apesar da queda na superfície plantada, que totalizou 1,5%, para 1,98 milhão de hectares, com destaque para a retração em áreas de sequeiro em 14,3%, ou cerca de 85 mil hectares. A zona irrigada, porém, cresceu 56 mil hectares, em especial no Rio Grande do Sul. “O clima foi favorável aos cultivos, os produtores conseguiram semear na melhor época indicada e os tratos culturais foram eficientes a ponto de registrarmos um avanço de 18% em produtividade, de 5.280 para 6.230 quilos por hectare”, explica Sérgio Roberto Gomes dos Santos Júnior, analista da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Na Região Sul, onde está concentrada a maior parte da produção do país, em torno de 10 milhões de toneladas, o cultivo do arroz é irrigado em quase sua totalidade e apenas um percentual pequeno no Paraná é plantado em sistema de sequeiro. Segunda maior produtora nacional, na Região Norte, mesmo com redução de 1,3% na superfície semeada, a expectativa é de uma colheita maior em 6,1%. No Centro-Oeste, terceira região que mais produz arroz no país, predomina o cultivo em sequeiro, que reduziu 11,6% enquanto o irrigado cresceu 158,1%. Na Região Nordeste, as áreas de sequeiro e irrigado apresentam redução, pois o produtor optou por culturas mais rentáveis. A Conab indica redução na área em 19,2% com produção 10% maior por influência do clima. No Sudeste, a colheita encerrou em 54,6 mil toneladas produzidas numa área de 16,1 mil hectares, 6,4% inferior ao ano passado.
Não há projeção oficial para a próxima temporada, mas em função dos preços praticados – em boa parte do Brasil abaixo dos custos de produção no primeiro semestre do ano comercial – a tendência é de leve retração.