Novo desafio

O orizicultor brasileiro ou paga para trabalhar, ou
é vilão da cesta básica.

Mal os produtores de arroz comemoram a recuperação dos preços em plena safra no sul do Brasil – com reflexos no restante do país – para cobrirem parcialmente as dívidas acumuladas, pagar o custo da lavoura e ainda investir algum recurso em tecnologia e sobrevivência e o governo federal acena com a oferta de cereal em leilões para conter a alta. Com um apagão logístico, preços internos que não oferecem mais paridade para vendas significativas internacionais e uma valorização no mercado interno que torna o Brasil ainda mais atrativo para o Mercosul, o segundo trimestre de 2013 indica um ano de comercialização mais difícil e desafiadora do que o esperado.

Desde o dia que resolve produzir arroz, o orizicultor brasileiro já vive essa “sinuca-de-bico”. Ou paga para trabalhar, ou é vilão da cesta básica. Entre os 50 mil produtores de arroz do Brasil e os milhões de eleitores/consumidores satisfeitos com a cesta básica baratinha, por quem o governo federal irá optar? Por mais que o setor evolua em eficiência agronômica e de gestão das propriedades, este impasse persiste. Há quem defenda que, na produção excessiva, o governo forme estoques, assegure o preço mínimo e garanta a permanência de milhares de produtores na atividade. Mas há quem considere que o mercado deve regular-se por si, doa a quem doer, para que estes estoques não se tornem uma espada sobre a cabeça do arrozeiro quando as cotações voltem a evoluir e a Conab resolva “balizar” o mercado.

A equação que determinará os preços médios do arroz no Brasil, apesar de inúmeras variáveis técnicas, não está representada apenas por um balanço de oferta e demanda, mas também pelo viés político. Afinal, para os políticos, arroz barato é igual a voto. Seja de quem representa os arrozeiros, e com esses argumentos se elege, seja do governo, que busca também nesse argumento mostrar-se “preocupado com a população de baixa renda”, que decide qualquer eleição no país.

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