Novos rumos para a pesquisa

 Novos rumos para a pesquisa

Sommer: ajustes na tecnologia para cultivos em várzea

O benefício que a inoculação da semente da soja demonstra nas áreas bem drenadas deve ser aplicado à condução da cultura em áreas de várzea
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A produção de soja na várzea apresenta, segundo informações correntes, mais riscos do que a soja em coxilha. Há, no entanto, uma vertente que assegura exatamente o contrário, ou seja, o limitante da soja em terras altas – no caso a falta de umidade – não existe na várzea e isso potencializa a produção. O engenheiro agrônomo e coordenador de Pesquisa de Cultivos de Verão da Fundação Pró-sementes de Apoio à Pesquisa, Victor Sommer, não faz parte dessa vertente: “Por problemas topográficos o risco de produzir soja na várzea reside exatamente na dificuldade de drenar o solo. O excesso da água compromete o desenvolvimento de todas as cultivares de soja, algumas com mais intensidade que outras”, assegura.

De acordo com Sommer, poucos orizicultores têm utilizado o sistema de drenagem do solo para irrigar este tipo de lavoura, mas com certeza esta prática pode ser utilizada para enfrentar problemas de estresse hídrico. “Dizer que nas regiões de várzea do estado não ocorre seca não é verdade. Já nas áreas sem problemas de drenagem, coxilhas, não há efetivamente o problema de excesso de água no solo, mas podemos ter limitações através de secas intensas como ocorreu na safra 2011/12 em boa parte do Rio Grande do Sul. Ambos os cenários, várzea ou coxilha, podem apresentar limitantes. Eles dependerão basicamente da intensidade do regime pluviométrico registrado”, observa.

Conforme o pesquisador, na safra passada, onde houve restrição hídrica severa verificou-se uma limitação sensível nas produtividades de terras altas, mas isso favoreceu bastante a produtividade nas várzeas em virtude de não terem sido registrados problemas de drenagem. “Isto pôde ser comprovado pela produtividade média registrada nos ensaios de cultivares (ECR), conduzidos na várzea e na coxilha. Conforme divulgado no site www.cultivares.com.br, a melhor produtividade média dos ECRs conduzidos na safra passada foi obtida em área de várzea no município de Dom Pedrito (RS)”, compara.

RISCO
O principal risco de cultivar soja em terras baixas, na avaliação de Sommer, é a dificuldade de drenar as áreas em períodos de precipitações pluviométricas intensas. “Para executar este processo as lavouras, ao serem instaladas, necessitam ser estruturadas para poderem ser drenadas. O planejamento e a execução da drenagem dessas lavouras podem ser melhorados com a utilização da semeadora/entaipadora que existe disponível no mercado. O grande potencial de produtividade deve ser registrado em anos com precipitações normais, em que o processo de drenagem pode ser executado sem limitações”, explica.

FIQUE DE OLHO
Entre as medidas de manejo determinantes para o sucesso do cultivo de soja em várzea, segundo Victor Sommer, estão: controle de invasoras limitantes ao cultivo do arroz, a rotação de cultura que propicia aumentos significativos de produtividade para ambos os cultivos, aproveitamento de áreas que estariam em pousio e melhor aproveitamento do parque de máquinas e pessoal. Todos são fatores que podem levar ao aumento de renda do agricultor e à maior eficiência de uso dos recursos disponíveis (terra, água, maquinário e mão de obra, entre outros fatores de estrutura de produção).

DE OLHO NOS INIMIGOS

A Fundação Pró-sementes nos últimos quatro anos desenvolve trabalhos técnicos com o objetivo de conhecer o comportamento das cultivares de soja nas várias regiões do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo e Mato Grosso do Sul, em diferentes tipos de solo e condições de produção. Por inúmeros motivos, principalmente em solos de várzea, a pesquisa tem preconizado que a escolha da cultivar a ser utilizada é de fundamental importância, visto que pode significar o sucesso ou fracasso dos resultados obtidos.

Como o cultivo de soja em terras baixas difere significativamente do cultivo em áreas de coxilha, Victor Sommer, pesquisador da Fundação Pró-sementes, informa que são necessários estudos complementares que possam adequar esta cultura para condições tão distintas. “Atualmente, por carência de informações, os agricultores estão transferindo simplesmente as tecnologias recomendadas para a cultura da soja na coxilha para a várzea. Com certeza precisam ser urgentemente desenvolvidos trabalhos específicos que posicionem a soja também no contexto deste novo terreno que está sendo explorado. As instituições oficiais ainda desenvolvem trabalhos tímidos no sentido de responder aos principais questionamentos dos agricultores na área de fertilidade do solo, fitopatologia e fisiologia da planta”, aponta.

EXPANSÃO
Para o pesquisador, com a atual perspectiva de preço do grão de soja no mercado nacional e internacional o cultivo da oleaginosa em terras baixas no estado do Rio Grande do Sul deverá ultrapassar os 200 mil hectares hoje registrados. “Pela dificuldade em prevermos exatamente as condições climáticas de médio prazo não acredito que o cultivo de soja venha a ser contraindicado em detrimento de possíveis previsões climáticas desfavoráveis. Diferentemente da cultura do milho, a espécie soja possui muitos recursos fisiológicos defensivos que a auxiliam a suportar parcialmente adversidades climáticas. Conforme mencionado anteriormente, já existem práticas culturais e cultivares que vêm apresentando muito bons resultados sob condições de excesso ou falta de água”, ressalta.

Pelo grande potencial genético disponível e a expressiva possibilidade de expansão geográfica que ainda existe da cultura da soja em terras baixas no RS, Sommer recomenda que os órgãos públicos devam atuar mais efetivamente na geração de informações úteis aos agricultores. Ele também sugere que empresas privadas de melhoramento de plantas invistam e desenvolvam cultivares adaptadas a estes tipos de solo e condições a que a soja é exposta em áreas de várzea. “A Fundação Pró-sementes, em parceria com a Farsul, continuará a desenvolver os ensaios de cultivares em rede (ECR) nas diferentes regiões do RS no sentido de avaliar o comportamento das cultivares de soja, disponibilizando estas informações para o setor produtivo até o mês de maio”, complementa.

QUESTÃO BÁSICA
Os manejos indicados para o cultivo da soja em áreas de arroz não diferem muito com relação ao manejo da soja em terras sem problemas de drenagem. São eles:
. Efetiva execução da drenagem
. Análise do solo para atender as exigências da cultura da soja em termos de fertilidade e principalmente correção do solo
. Realizar a inoculação da semente em todas as safras da cultura da soja. Observações preliminares indicam no mínimo usar três doses de inoculante por hectare
. Controle de invasoras, doenças e insetos
. Escolha de cultivares adaptadas às condições de terras baixas

No site www.cultivares.com.br existem resultados de ensaios da Fundação Pró-sementes conduzidos nas quatro últimas safras, testando todas as cultivares de soja indicadas no zoneamento agrícola pelo Mapa. Este trabalho também é desenvolvido para áreas sem problemas de drenagem, coxilhas.

Fonte: Fundação Pró-sementes de Apoio à Pesquisa
(www.fundacaoprosementes.com.br)

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