O ARROZ E A SAÚDE
Autoria: Carlos Adilio Maia do Nascimento
Médico, consultor do Irga e presidente do IBPS .
Os povos asiáticos têm o arroz como parte inerente de sua cultura. Desde remota antigüidade usam o cereal como base de sua alimentação e também como produto de beleza. No Japão existem sofisticadas escolas preparadoras de gueixas e de jovens candidatas ao requintado teatro feminino que são freqüentadas por moças da mais destacada origem. Nestes centros de arte e estética, que procuram racionalizar o belo visando à diversidade de emoções e sentimentos que possam provocar nos homens, uma das metas é obter mulheres com pele perfeita, alva, lembrando o brilho nacarado das mais puras pérolas. São as chamadas “flor de lótus”, referenciais de beleza na mulher nipônica. Essas meninas, desde tenra idade, têm suas peles tratadas com talcos, cremes e banhos em mucilagens, todos obtidos do arroz. Certamente ainda lembramos que antes do advento da cosmética química, a base universalmente usada na maquiagem era o pó-de-arroz. Quem não lembra das graciosas caixinhas redondas com pluma do pó-de-arroz Coty de Paris? Gratas lembranças nostálgicas de uma época mais identificada com os produtos naturais.
Sabe-se hoje que o arroz contém hydrolat, substância rica em aminoácidos e açúcares que estimula a síntese do colágeno, proteína constituinte das fibras de sustentação da pele e de outros tecidos do corpo hu-mano, como tendões, ossos e cartilagens. O colágeno presente em quantidade adequada diminui a formação de rugas na pele. Grifes da cosmética japonesa como Shiseido e Kenzo cada vez mais retiram do arroz insumos para seus produtos.
Do farelo retira-se o óleo de arroz, que está incluído entre os melhores óleos para a alimentação humana. Não possui colesterol e contém gama-orizanol, poderoso antioxidante que neutraliza os radicais livres da circulação, sendo estes os maiores responsáveis por doenças degenerativas como Alzheimer e aterosclerose. Retirado o óleo, restam fibras, proteínas, vitaminas e sais minerais, que podem ser usados em panificação e em cereais para consumo matinal. Possuindo todos esses atributos, entende-se os motivos de o arroz ter se tornado ao longo do tempo um dos alimentos mais consumidos pela humanidade.
Estas e outras qualidades nutracêuticas, sobre as quais voltaremos a falar, fazem do arroz alimento cada vez mais importante, no momento em que se preconiza os alimentos funcionais, aqueles que, além de nutrirem, ajudam a prevenir e combater doenças.