O desafio da mudança
O Brasil é um país continental, onde cada região tem suas características, sua cultura, seus hábitos alimentares. Conscientizar uma população para que ocorram mudanças de hábitos alimentares inicia-se na formação do indivíduo, respeitando sua cultura e a valorizando alimentos regionais, já que a indústria de alimentos se apropria de uma ferramenta estratégica, que é o marketing de produtos, induzindo ao consumo sem uma visão crítica frente aos benefícios que esse irá trazer para sua saúde.
Observamos que em populações com hábito de consumo contínuo de determinado alimento, bebidas e outros, consequentemente, surgirá um desequilíbrio físico decorrente da elevada ingestão de substâncias causadoras de doenças. O elevado consumo de refrigerantes, por exemplo, poderá estar relacionado com o aumento de peso, já que o fígado transforma o açúcar em gordura. Outra situação que poderá desencadear também é o aumento da pressão arterial, a perda de cálcio, causando osteoporose, e outras consequências de danos para a saúde humana.
Alimentação e nutrição saudável têm por base o reconhecimento de que um nível ótimo de saúde depende da nutrição. Com o aumento da obesidade e das doenças associadas à obesidade no Brasil há que se combinar orientações para a redução das deficiências nutricionais em função de que à prevenção precoce das doenças associa-se a melhor qualidade de vida e também as medidas terapêuticas para a obesidade, um dos principais problemas nutricionais do presente. A base científica para prevenção baseia-se em dois componentes: o conhecimento dos processos biológicos e o aparecimento das doenças.
O alimentar-se vai além das necessidades fisiológicas, é um ato social e relaciona-se com o trabalho agrícola, já que a agricultura familiar está diretamente envolvida no processo de produção de alimentos no Brasil. Há falta da valorização da herança cultural dos alimentos que herdamos e da valorização dos guardiões de sementes crioulas, que conservam os bancos genéticos dos alimentos.
O desafio de mudanças de hábitos alimentares antigos se dá através de uma consciência de que elas são fundamentais para promoção da saúde e prevenção de doenças. Por isso é importante estabelecer hábitos alimentares saudáveis para atingir como prioridade a prevenção do ganho de peso. Incluir o consumo alimentar e a atividade física no âmbito de comportamentos para uma vida saudável é talvez a mais importante tarefa de promoção da saúde.
No Brasil tende-se a priorizar outros tipos de aprendizado antes da educação alimentar, uma segunda língua ou um esporte, por exemplo. Os estudos sobre a “ciência do sabor” provam que a alimentação saudável precisa ser ensinada (assim como aprender a ler). Aprender a comer bem é uma habilidade de longo prazo tão importante quanto os esportes ou idiomas para a saúde como um todo e o desenvolvimento mental.
Os pais estão cada vez mais preocupados com isso, especialmente (embora não só por isso) por conta do aumento das taxas de obesidade infantil. O aumento do interesse dos pais na alimentação saudável para crianças está em evidência de muitas formas: o crescente número de programas sobre alimentação infantil e os “menus saudáveis” oferecidos nas cantinas das escolas. O Ministério da Saúde desenvolve ações de educação alimentar onde aproxima a produção de alimentos limpos das crianças de escolas através da merenda escolar. Ofertando uma alimentação mais balanceada em termos calóricos e de qualidade, produtos orgânicos são oferecidos na merenda escolar atualmente no Brasil.
Cleusa Amaral
nutricionista do Instituto Rio Grandense do Arroz (IRGA)
Um par mais do que perfeito
O arroz e o feijão formam praticamente uma associação perfeita, pois além de ter baixo custo e ser de fácil acesso e manuseio, têm alto índice nutritivo. São alimentos que se consumidos diariamente na quantidade certa têm a capacidade de levar a redução do peso corpóreo, de prevenir de algumas doenças e de tratar outras.
A combinação também é perfeita porque as proteínas que existem no feijão completam as proteínas que faltam no arroz, ficando assim uma refeição mais equilibrada. Associados, esses dois alimentos promovem um grau de saciedade importante quando ingeridos. Isso vai refletir na quantidade de calorias ingeridas, que vai ser menor no decorrer do dia.
Tanto o feijão quanto o arroz são muito ricos em fibras. As pessoas que fazem uso dessa mistura levam mais tempo para sentir fome e ao mesmo tempo liberam glicose no sangue de maneira mais lenta. Em consequência, a insulina, que coloca glicose dentro da célula, não precisa ser sintetizada de forma exacerbada e, com isso, não favorece o acúmulo de gordura.
Olhando pelo lado do metabolismo, o arroz e o feijão participam do processo de aceleração do metabolismo através das proteínas e do cálcio que possuem. Além disso, proteínas dão maior grau de saciedade e ajudam na queima de calorias.
Quando se come arroz e feijão a proteína fica completa, por isso se pode dizer que equivale a uma porção de carne. Os aminoácidos são os constituintes da proteína, e no arroz e feijão os aminoácidos se completam, pois o arroz é pobre no aminoácido lisina, que existe em grande quantidade no feijão. Já o aminoácido metionina é pobre no feijão, mas está em grande quantidade no arroz. Por este motivo arroz e feijão formam um par perfeito.
Por ser uma combinação com pouca gordura, o arroz e o feijão também ajudam a emagrecer, mas é importante não exagerar nas quantidades. Outro benefício do arroz e feijão é ajudar a controlar a diabetes, pois é uma combinação com baixo índice glicêmico.
Razões para consumir
O arroz é o segundo alimento mais consumido no mundo e seu cultivo é mais antigo que a civilização. Sua origem é asiática e sua cultura iniciou-se há mais de 7 mil anos. A nutricionista do Irga, Cleusa Amaral, enumera alguns dos vários motivos que nos levam a consumí-lo:
. É rico em carboidratos, importantes fontes de energia para nosso organismo manter a integridade funcional do tecido nervoso, desenvolver e restaurar tecidos e manter as funções vitais.
. Devido ao processamento aplicado sobre o arroz, ele perde parte de seu valor nutricional, entretanto, basta consumir o arroz integral para voltar a ter um alto valor nutricional.
. Regula o funcionamento do intestino, bem como reduz o risco de câncer sobre este órgão.
. Auxilia na prevenção de doenças dos sistemas digestivo e cardiovascular.
. O magnésio encontrado no arroz integral contém boas doses, que podem aliviar os sintomas de TPM e cálculos renais.
. O orizanol encontrado no arroz (óleo do arroz) reduz o colesterol. Sua biodisponibilidade é maior quando não se refoga o arroz.
. Também encontramos selênio no arroz. Esse mineral antioxidante melhora o sistema imunológico e o sistema nervoso central.
. A vitamina B6 reduz alergias, ansiedade, asma, depressão e doenças cardíacas.
. O arroz integral ou parboilizado integral ajudam a perder peso.
. O arroz integral contribui para a eliminação do excesso de líquidos no organismo.
Prevenção de doenças
Algumas doenças também podem ser prevenidas através do consumo de arroz
Obesidade – Uma dieta rica em arroz integral pode ser recomendada para quem quer perder peso.
Hipertensão – Ao eliminar excesso de líquidos, baixa a pressão arterial.
Enfermidade de rins – Ao eliminar excesso de líquidos, facilita a função renal, sendo um ótimo aliado para cura de disfunções renais.
Diabetes – O arroz ajuda a eliminar a água e ao mesmo tempo libera glicose de uma forma moderada e constante, o que permite estabilizar os níveis de açúcar no sangue, sendo útil para os diabéticos.
Colesterol – A presença do gama-orizanol no arroz integral pode ajudar a baixar o LDL e aumentar o HDL no sangue e diminuir triglicérides.
Alguns tipos de arroz
Arroz vermelho – Apresenta uma película vermelha em seus grãos e é considerado invasor nos cultivos.
Arroz parboilizado – Passa por tratamento em água fervente, quando os nutrientes são transferidos para a parte interna dos grãos.
Arroz basmati – Especialidade indiana, esse tipo de arroz é perfumado e saboroso, muito utilizado na Itália, Portugal e Espanha, principalmente nas paellas.
Arroz tailandês – Também conhecido como jasmim, apresenta aroma e textura macia.
Arroz selvagem – Rico em nutrientes, pouco calórico e geralmente utilizado em misturas com o arroz branco. Na verdade, trata-se de uma gramínea do gênero Zizania (Zizaniaaquatica), originária da América do Norte, que não integra a família do arroz (oryza sativa).
Arroz japonês – Conhecido também como cateto, tem grande quantidade de amido e deve ficar de molho durante uma hora antes de ser cozido, o ponto ideal para o cozimento de sushis.
Arroz agulhinha – É o arroz branco polido, o mais comum na culinária brasileira.
Arroz integral – Rico em fibras, vitaminas e sais minerais, pode ser encontrado em grãos longos ou curtos.
Arroz da terra – Variedade de arroz vermelho cultivada em algumas regiões do Nordeste, com grãos curtos. Também conhecido como arroz de Veneza ou arroz vermelho da Paraíba.
Arroz preto – Tem grão preto e grande potencial nutritivo. Originário da Ásia, tem no Brasil variedades desenvolvidas pelo Instituto Agronômico (IAC), de Campinas (SP), e Epagri (SC).
Mix – Algumas indústrias produzem mix de cereais com dois ou até três tipos diferentes de arroz, casos do integral, do selvagem, do polido e do vermelho, por exemplo.
Fonte: arquivo Planeta Arroz