O fator EUA

 O fator EUA

EUA: área, produção e qualidade menor em 2021 pode ser oportunidade ao Cone Sul

Concorrente do Mercosul, EUA colhe menos e reduz oferta do grão em 2021/22

Entre as esperanças que o Brasil e o Mercosul têm de escoar os estoques de passagem no fim deste ano comercial (até fevereiro) e no início do próximo ciclo de negócios e da próxima safra, que deve ser muito boa, está um fraco desempenho dos Estados Unidos, seu principal concorrente, no comércio mundial. Fatores que impactam a temporada americana aumentaram as expectativas: menor disponibilidade, elevação de preços e previsão de queda nas exportações dos EUA.

O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (Usda) projetou, no relatório publicado em novembro, que o país produzirá 6,15 milhões de toneladas de arroz beneficiado (9,2 milhões t, base casca). A queda é de 14,9% e pode ser ampliada nos próximos relatórios, mas é 4,6% maior do a temporada 2019/20, quando os EUA teve uma quebra superior a 20%.

Em 2021, a retração produtiva está associada à queda dos preços e da demanda internacional pelo grão norte-americano e a facilidade com que boa parte dos agricultores pôde optar por cultivos mais rentáveis, como soja, milho.

Dwight Roberts, consultor da Associação de Produtores de Arroz dos Estados Unidos (Usrpa) avaliou que o relatório do Usda trouxe apenas pequenos ajustes. “O relatório prevê importação menor, mas exportações também em queda. Também indica volume colhido maior que o previsto e consumo doméstico pouco superior”, observou. O estoque final cresceu em 68 mil t.

“O Usda não falou sobre os rendimentos industriais e classificação do arroz colhido fora do Delta do Mississippi, e cita produtividade no campo muito boa”, relatou. As processadoras vêm apontando que o arroz da nova safra dos EUA tem decepcionado no rendimento industrial.

Questão Básica
Os EUA colheram quase 6,9 milhões de toneladas, ou 73% de sua safra com arroz longo-fino. O Usda prevê preços médios de US$ 14,80 por quintal (45,36kg) ao longo da temporada no mercado físico. Os 2,2 milhões de toneladas restantes são de variedades curtas e médias, com estimativa de preços médios de US$ 20,10/cwt.


Em linha

Período de pandemia fortalece posição do Brasil como referência produtiva

Mesmo com uma forte retração de preços ao longo de 2021, os produtores de arroz permanecem acreditando na cultura e no futuro do mercado do grão. Levantamento da safra de verão divulgado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) no início de novembro indicou que a área semeada na safra 2021/22 terá aumento de área em 0,3%, alcançando 1.682,6 mil hectare. A elevação da superfície semeada ainda ocorreu baseada na elevação das rentabilidades do setor desde o início da pandemia. Apesar da desvalorização das cotações ao longo de 2021, a margem líquida segue acima dos patamares pré-pandemia.

O arroz irrigado representará 78,8% do total, em 1.326,2 mil hectare. Avançará 1,7% em relação à safra anterior. Já o grão de sequeiro e cultivado em terras altas apresentará uma redução de superfície de 4,7% sobre a safra 2020/21, alcançando 21,2% do total, com 356,4 mil hectares. Em meados de novembro, cerca de 65% das lavouras estavam semeadas no país, refletindo pequeno atraso em relação à temporada anterior.

Mesmo com avanço da área cultivada, a Conab estimou a produção de 2021/22 1,8% menor, projetada em 11,5 milhões de toneladas. Resulta, em especial, da estimativa de redução das produtividades (-2,1%). Após o clima muito favorável na última safra, o cenário de normalidade climática previsto nesta temporada tende a refletir em menor rendimento por área.

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