O que esperar da safra 2023/24?
A certeza de que a próxima safra de arroz acontecerá sob efeito de uma versão de moderada a forte do fenômeno El Niño que, oposto ao La Niña, trará chuvas acima do normal ao ciclo produtivo no sul do Brasil, permite alguns prognósticos.
O primeiro deles é a recomposição dos níveis das barragens e provavelmente a volta das enchentes que costumam alcançar até cerca de 125 mil hectares nas terras baixas. A tendência corrente na cadeia produtiva é de uma recuperação parcial da área orizícola, para algo entre 850 (1,2%) e 880 mil ha (5,3%).
Isso resultaria da cautela dos agricultores com relação à soja – e ao milho – em zonas mais baixas, que pegam enchentes ou têm problemas de drenagem. “O histórico em safras de El Niño é uma redução em torno de 10% na produtividade do arroz comparada à condição normal de clima. Com o avanço das produtividades baseado em tecnologia e aperfeiçoamento do manejo e o maior risco de perdas na soja em ambiente de várzea, é natural projetar uma pequena recuperação da superfície semeada com arroz”, explicou Rodrigo Schoenfeld, engenheiro agrônomo do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga).
Os preços da soja neste início de ano e os prognósticos das cotações futuras ainda mais baixas, além do resultado da produtividade aquém do esperado mesmo sob irrigação, também fazem o produtor repensar as estratégias.
Por R$ 180,00 a saca, o agricultor até arrisca, mas a R$ 120,00 pensa várias vezes. Ainda assim, a oleaginosa terá papel importante na nova temporada, pois 60% da área, ou mais, de 500 mil hectares serão cultivados em resteva de soja. Schoenfeld concorda: “É um terreno que só precisa entaipar e está pronto para o arroz. Isso promove grande mudança no perfil da lavoura gaúcha de arroz e permite que boa parte seja semeada na época recomendada”, frisou.
Para Schoenfeld, a pergunta que o arrozeiro deve se fazer agora, diante do risco de chuvas acima da média, é se suas áreas estão entaipadas e prontas. “Se não estiver, precisa definir logo uma estratégia e deixar o mais pronto possível. Geralmente, o Rio Grande do Sul planta 40% das áreas de arroz em setembro em outubro. Neste ano tem que inverter essa proporção e aproveitar bem as janelas, que serão curtas”, enfatiza.