O RS precisa do Irga
Por Michel Okchstein Kelbert*
O Rio Grande do Sul é responsável por cerca de 70% do arroz colhido no Brasil.
Isso representa que o arroz servido no prato do brasileiro, em sua grande parte, veio das lavouras gaúchas. E, provavelmente, foi semeado com uma cultivar desenvolvida pelo Instituto Rio-Grandense do Arroz.
O Irga é uma autarquia estadual vinculada à Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação, e completará 84 anos em junho, apesar dos esforços dos dois últimos governos estaduais para fechá-lo. Vários foram os estudos nesse sentido, mas que resultaram sempre na mesma conclusão: o órgão cumpre função importantíssima para a cadeia orizícola e seu fechamento implicaria deixar os produtores rurais à mercê das multinacionais do setor agrário. Graças à autarquia, o arroz do Rio Grande do Sul passou de 2,3 mil quilos por hectare na safra 1940/41 para 8,7 mil kg/ha na safra 2022/23. O Irga viabiliza o arroz gaúcho, em resumo.
É importante, porém, que o povo gaúcho tenha conhecimento de que o instituto respira por aparelhos. A instituição só se mantém de pé devido aos servidores efetivos nomeados pelos concursos realizados em 2013 e 2016. Sem eles, a instituição estaria inoperante hoje.
Dos servidores nomeados nesses dois concursos, diversos já pediram exoneração e foram para outros órgãos ou para iniciativa privada em busca de melhores salários. Hoje, há aproximadamente 120 vagas em aberto, afetando seriamente os setores de pesquisa e extensão rural, as principais atividades do instituto.
Nos últimos dez anos, recebemos apenas 6% de reajuste. Um assistente administrativo da autarquia recebe menos de um salário mínimo e um técnico orizícola, R$ 1.900 por mês. Um engenheiro agrônomo com doutorado, por exemplo, entra no Irga ganhando R$ 4.500. Nossos salários estão entre os mais baixos do serviço público estadual.
O que pedimos é que o governador apenas cumpra as promessas que fez ao setor orizícola e aos servidores. E assim envie para a Assembleia Legislativa, com urgência, projeto de lei com realinhamento salarial para servidores ativos e inativos. Também queremos que Eduardo Leite autorize a realização de concurso público e que regulamente as promoções, processo que está parado na Secretaria da Agricultura há um ano. E que faça isso antes que o Irga pare definitivamente de respirar.
1 Comentário
Agradeço à Planeta pela postagem do artigo do presidente do SindsIrga! Acredito que essa seja a última oportunidade, neste governo, que os servidores terão para serem valorizados e receberem o tão esperado realinhamento salarial (dez anos de espera já). Se não for desta vez, após o RS sair do limite prudencial, teremos a certeza que o objetivo desse governo é fechar o Irga.