Opção pela produtividade

 Opção pela produtividade

Irrigação: momento decisivo nas tecnologias de alta produtividade

Na crise, só tem que produzir bem.

O Rio Grande do Sul planta um milhão de hectares de arroz, em média, por safra e responde este ano por quase 57% da produção brasileira. A área média não tem aumentado, mas a produtividade gaúcha vem dando saltos ano a ano, graças a um processo de uso das melhores tecnologias e otimização do manejo das lavouras. Neste momento de crise, de comercialização do arroz a baixos preços, os técnicos recomendam a busca da excelência. “É melhor reduzir a área plantada do que os insumos”, explica Valmir Menezes, o coordenador do Projeto 10/RS, do Instituto Rio-grandense do Arroz (Irga). 

Historicamente, os arrozeiros aumentam o tamanho da lavoura e reduzem insumos nos momentos de crise. Para Menezes, este é um conceito ultrapassado e um erro grave. “Em crise, o produtor tem três alternativas: não plantar, plantar mal e ficar pior para o próximo ano, ou plantar a sua melhor lavoura para sair da crise”, resume. Para a safra 2006/2007, os técnicos recomendam a priorização das melhores áreas, o uso da melhor tecnologia para alta produtividade e o dimensionamento de acordo com a disponibilidade de água. “O que o produtor economiza no adubo, por exemplo, perde em produtividade, na colheita, na irrigação, entre outros. Mas isso não quer dizer que ele deve gastar o que não tem. Não pode é usar grão por semente, defensivos de segunda e atrasar os procedimentos de manejo, prejudicando a eficiência das práticas”, explica. 

O pesquisador da Embrapa Clima Temperado, José Petrini, destaca a necessidade do produtor que fizer preparo antecipado ter uma boa drenagem na lavoura e mão-de-obra comprometida com a produtividade. 

Prioridades

– O preparo antecipado do solo é recomendado pelo Irga para assegurar melhores condições de semeadura na época recomendada – 20 de setembro a 10 de novembro – e outras práticas no manejo da lavoura gaúcha. 

– A época de semeadura – 20/9 a 10/11 – evolui no RS. O plantio na época correta dá à lavoura o máximo aproveitamento dos insumos e reduz os riscos climáticos. 

– A lavoura de arroz depende da água e não gosta de riscos, por isso deve ser dimensionada de acordo com a disponibilidade hídrica. A irrigação deve entrar quando a planta de arroz estiver com 3-4 folhas, garantindo o controle de plantas daninhas. 

– O Irga recomenda uma densidade de 100 quilos de sementes por hectare para alta produtividade. O resultado, porém, depende do manejo adequado e da origem e qualidade das sementes. 

– O volume de fertilizantes aplicados na lavoura depende de um histórico da área, do resultado das análises de solo e, ainda, da expectativa de produção. A adubação precisa estar em equilíbrio entre diferentes micro e macronutrientes. A resposta da lavoura à adubação só se dará se outros fatores não forem limitantes, como atraso no plantio, na irrigação ou no controle de inços.

Fonte: Irga

Marca surpreende

O Manejo Racional da Cultura do Arroz Irrigado (Marca), projeto da Embrapa Clima Temperado (Pelotas-RS), está superando as expectativas até dos pesquisadores. Os resultados obtidos este ano em 16 lavouras experimentais (280 hectares) revelaram um rendimento de grãos de até 11,5 toneladas por hectare. O melhor desempenho foi de lavouras da campanha e fronteira-oeste, com produtividade média de 10 mil quilos/hectare. Para a safra 2006/2007, os pesquisadores indicam ampliação da área do Marca, que usa cultivares Embrapa. O ganho supera os 20% sobre a produtividade média histórica, redução de custos e rentabilidade na lavoura. Os pesquisadores Algenor Gomes e José Petrini informam que essas lavouras foram apresentadas a mais de mil produtores e profissionais da assistência técnica em dias de campo.

Eixos do Marca

– Planejamento da lavoura

– Sistemas de cultivo mínimo ou plantio direto

– Tratamento de sementes 

– Época adequada e densidade de semeadura

– Manejo racional e integrado da água, da adubação e do controle de plantas daninhas

 

Nota 10
Dois projetos do Programa Arroz RS, desenvolvido pelo Irga, são fundamentais no salto de produtivi-dade registrado na lavoura gaúcha nas últimas safras. O sistema Clearfield recuperou áreas nobres que estavam infestadas de arroz vermelho e o Pro-jeto de Alta Produtividade, o Projeto 10/RS. Em 2005/2006, o projeto reuniu 307 produtores, numa área de 60 mil hectares. Parte da tecnologia já foi significativamente transferida para mais de 250 mil hectares, ou seja, um quarto da área gaúcha. 

O recorde de produtividade foi de 14 mil quilos/hectare em 29,6 hectares plantados com a variedade Irga 417. Em Dom Pedrito, berço do Projeto 10, pela primeira vez em quatro safras a média de todas as lavouras superou 10 mil kg/ha. Os rizicultores entram mais cedo com a irrigação, controlam precocemente as plantas daninhas, aplicam parte do nitrogênio no seco, antecipam o preparo do solo e plantam na época recomendada. O maior reflexo é a produtividade dos gaúchos nesta safra: 6,7 toneladas/hectare. A fronteira-oeste, por exemplo, alcançou 7,6 t/ha em cerca de 280 mil hectares.

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