Os desafios das terras altas

Arroz do Mato Grosso cresce pela qualidade e busca mais mercados
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A realidade da produção em terras altas mudou: nos últimos cinco anos a produção estabilizou graças à busca da qualidade das variedades e grãos, adoção de boas práticas agrícolas, maior eficiência do processo industrial e ajuste da oferta do cereal à capacidade de processamento e à dimensão do mercado regional.

Com variedades mais produtivas e que alcançam melhor rendimento de engenho, colhendo e processando volume adequado para atender ao seu mercado interno e alguns nichos dos estados do Centro-Oeste e Sudeste, houve uma acomodação dos preços ao longo da cadeia produtiva que garantiu renda ao produtor, margens razoáveis à indústria, garantia de atendimento ao varejo e preços médios dentro da realidade brasileira para os consumidores. Todo mundo satisfeito? É claro que não!

Com esse potencial, o Mato Grosso quer e pode mais em termos de mercado e qualidade, e realizou um grande encontro da cadeia produtiva em Cuiabá em setembro para planejar os próximos passos no sentido de um crescimento sustentável. O seminário “A cultura do arroz de terras altas no estado do Mato Grosso”, em sua sexta edição, foi o primeiro evento da segunda fase do Projeto de Transferência de Tecnologia Rede Brasil Arroz, liderado pela Embrapa Arroz e Feijão, de Goiás, e com apoio de diversas instituições públicas, setoriais e privadas.

Carlos Magri Ferreira, pesquisador da Embrapa, considera que o destaque do encontro foi a opinião unânime da cadeia produtiva de que a qualidade do arroz produzido no estado, que disputa a terceira posição no ranking nacional de produção com Tocantins, é competitiva em qualquer mercado e que o futuro depende da capacidade das indústrias conquistarem novas posições comerciais seja nos estados vizinhos, outras regiões ou outros países, pela exportação.

“As indústrias do MT atendem a 90% do mercado estadual e têm selo de qualidade e marca única para o cereal que processam e comercializam. Daí a importância de buscarem novos clientes ao invés de acirrarem a disputa interna, gerando um canibalismo improdutivo”, considera Lázaro Modesto, presidente do Sindicato da Indústria do Arroz do Mato Grosso (Sindarroz-MT). Ele destaca que houve grandes investimentos em modernização do beneficiamento nas empresas e que o próximo passo será a geração própria de energia a partir da casca de arroz.

LAVOURAS
Os produtores e pesquisadores também têm muitos desafios. Como não é mais possível produzir arroz em aberturas de área, o futuro do cultivo no estado passa pelo plantio em pastagens degradadas ou safrinha. Mas é preciso superar as limitações técnicas para adotar o cereal como alternativa ao milho depois da colheita da soja, que costuma começar em janeiro. O ciclo das variedades é uma delas, o estudo da influência do arroz no controle de nematoides, um dos limitantes da soja, é outra.

O uso de sementes certificadas em larga escala e cultivares que respondam ao nível tecnológico empregado pelos agricultores e com características demandadas pela indústria (como maior percentual de grãos inteiros) é uma necessidade. A organização de uma entidade de produtores é outra demanda, uma vez que sua inexistência dificulta o diálogo e ações com a cadeia produtiva.

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