Passado e futuro da cultura do arroz irrigado
Rio Grande do Sul e Santa Catarina são responsáveis por cerca de 80% da produção brasileira de arroz. A produtividade média da cultura no RS e SC cresceu de forma acentuada nas últimas três décadas. Na safra 1977/1978, a produtividade em SC era da ordem de 3 t/ha e no RS próximo de 4 t/ha. Na safra 2017/2018, 40 anos após, a média colhida em ambos os estados foi próxima de 8 t/ha.
Esta elevação garantiu aumento na produção brasileira, suficiente para abastecer o mercado interno e ainda ter excedentes para exportar, apesar da redução na área cultivada no sistema de terras altas. Este destaque pode ser creditado a vários fatores, entre os quais a disponibilização de cultivares com crescente melhoria no potencial genético, o Sistema Clearfield para arroz irrigado, facilitando o manejo das plantas daninhas, em especial do arroz-daninho, a adoção de práticas de manejo como o preparo antecipado do solo, semeadura antecipada, melhoria no manejo nutricional, pragas, doenças e o aprimoramento da transferência de tecnologias aos produtores, entre outros.
No entanto, ainda existe uma lacuna de 2-4 toneladas, entre a produtividade média obtida pelos produtores de SC e do RS e o potencial das cultivares lançadas pela pesquisa. Como reduzir esta lacuna na produtividade é e continuará sendo um grande desafio no processo de transferência e adoção de tecnologias do arroz irrigado. Esse diferencial de produtividade ocorre por fatores como o sistema de cultivo, deficiência hídrica, manejo inadequado (água, pragas, doenças, plantas daninhas, manejo nutricional, etc…). Destaca-se ainda o controle insatisfatório de plantas daninhas, com o crescimento acentuado dos problemas de resistência a herbicidas, resultando em perdas quantitativas e qualitativas na produção de arroz irrigado.
TENDÊNCIAS E DESAFIOS
Entre os desafios destacam-se:
a) Sustentabilidade – A necessidade de melhoria na sustentabilidade das lavouras, minimizando riscos de impactos ambientais negativos no ambiente. Para tanto, é necessário que os produtores invistam em conservação e armazenamento de água, para serem menos dependentes de águas superficiais de rios e riachos.
Nesse sentido, é fundamental o manejo correto da água nas lavouras, especialmente as águas de drenagens, para evitar o carreamento e contaminação das fontes pelos agrotóxicos.
Na questão sustentabilidade, destaca-se a crescente preocupação com a segurança alimentar. O produtor precisa estar atento ao uso correto dos agrotóxicos, respeitando os períodos de carência, em especial daqueles utilizados no final do ciclo da cultura (inseticidas e fungicidas), evitando os riscos de resíduos no arroz beneficiado consumido pela população.
b) Desafios da pesquisa – A pesquisa tem como principal desafio buscar alternativas para superar problemas de manejo, em especial relacionado ao crescente aumento no número de plantas daninhas resistentes a herbicidas. Atualmente, sete espécies têm resistência aos principais herbicidas usados em SC e RS.
Nesse sentido, está sendo muito aguardada a disponibilização da tecnologia que utiliza cultivares de arroz com resistência a herbicidas inibidores da ACCase. Ela é desenvolvida por instituições públicas, entre elas, a Epagri, e também por empresas privadas, e terá destacada importância como alternativa de manejo do arroz-daninho, considerada a principal planta daninha do arroz irrigado.
c) Transferência de tecnologias – Necessidade de contínuo aprimoramento de transferência de tecnologias aos produtores, tornando as informações mais acessíveis, bem como utilizando de sistemas e formas mais eficientes para a melhoria na eficiência do processo produtivo.
d) Desafios aos produtores – É de fundamental importância que os produtores sigam as recomendações técnicas para a cultura. Atualmente, e cada vez mais no futuro, as informações podem ser facilmente obtidas junto da assistência técnica especializada, assim como via virtual, desde que sejam fontes confiáveis.
Assim, os agricultores continuarão a ter vital importância como agentes de produção de arroz de forma sustentável, com rentabilidade e segurança alimentar para o sustento da população.
