Pegando impulso

 Pegando impulso

Preços batem no fundo do poço no auge da colheita,
a caminho da recuperação no resto do ano
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Os agricultores que tiverem fôlego para aguentar a pressão sobre os preços do arroz em casca neste primeiro semestre de 2017 deverão realizar lucro a partir de agosto, segundo esperam os analistas de mercado e a cadeia produtiva. O movimento de baixa das cotações era esperado, mas a conjuntura desfavorável ao agricultor concorreu para que o piso de R$ 40,00 por saca de 50 quilos fosse rompido e beirasse R$ 38,00.

O indicador Esalq-Senar/RS marcava o preço à vista de R$ 38,85 por saca no Rio Grande do Sul em 18 de abril, acumulando perda de 2,7% no mês. Entre janeiro e março o indicador registrou quase 20% de queda. Em Santa Catarina, as cotações estabilizaram em R$ 40,00 entre fevereiro e abril. No Mato Grosso, a saca de 60 quilos chegou até R$ 41,00.

Alguns fatores justificam a queda: a pressão de oferta e o aumento da produção, a competitividade do Mercosul aos valores domésticos, o câmbio desfavorável às vendas e a favor das compras, o vencimento dos contratos de custeio da indústria e a falta de uma política governamental que garanta valor superior ao custo.

Élcio Bento, da Safras & Mercado, destaca que a pressão de oferta achatou os preços do arroz em casca no Brasil. “Atravessando a entressafra com a menor relação estoque-consumo da história, as cotações domésticas estavam descoladas – para cima – dos preços internacionais. Quando a oferta supera a demanda, o ajuste é normal. Depois da forte queda em março, em abril a intensidade do recuo arrefeceu. Nos próximos meses, a tendência é da lateralização e inversão do rumo baixista”, considera.

Segundo ele, tal perspectiva se sustenta pelo fato de a produção nacional ser próxima ao consumo e haver necessidade de recorrer às importações para recompor os estoques. “A pressão de baixa tende a persistir até que a colheita seja acomodada. Depois, mantidos o atual comportamento de mercado internacional e câmbio, haverá inversão ao campo positivo. Mas, uma taxa cambial próxima a R$ 3,00/dólar e a disponibilidade de oferta no Mercosul não dão espaço para grandes elevações”, avisa.

O enfraquecimento das cotações mediante o aumento de oferta na colheita é natural, mas outros fatores mudaram o perfil do mercado. Tiago Sarmento Barata, diretor do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), considera que os preços brasileiros terão piso e teto balizados pela paridade com o mercado internacional. Mas prevê para o segundo semestre uma recuperação gradual a patamares próximos daqueles identificados em 2016. “A oferta será mais diluída e selecionada”, avisa.

PREÇOS AO CONSUMIDOR
O índice de preços dos supermercados, levantado mensalmente pela Associação Paulista de Supermercados (Apas), demonstra que no primeiro semestre de 2017 o preço médio do arroz beneficiado branco tipo 1 caiu 1,78% em São Paulo, acompanhando tendência verificada também nas carnes, feijão e batata. A recuperação dos níveis produtivos e da oferta no Brasil e Mercosul ajudou o comportamento dos preços ao consumidor. Rodrigo Mariano, gerente de economia e pesquisa da Apas, afirma que a queda no valor da cesta básica impacta no orçamento das famílias, cujos gastos com alimentação alcançam até 30% da renda. A perspectiva para 2017 é que estes itens permaneçam com preços menores do que registraram em 2016.

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