Pela luz no fim do túnel

 Pela luz no fim do túnel

Safra: países mantêm mesma produção

Mercosul sente impactos do clima, da concorrência, dos preços internacionais
e da oscilação cambial
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Produzir arroz não está sendo fácil nesta temporada para os parceiros do Mercado Comum do Sul (Mercosul), Argentina e Uruguai. Já o Paraguai não tem muito do que se queixar. O fenômeno climático El Niño, que reduziu áreas, atrasou o plantio e provocou perdas em algumas lavouras, foi apenas parte dos problemas dos “hermanos”, que também enfrentaram o aumento dos custos de produção pela alta dos preços dos combustíveis e energia elétrica, a desvalorização cambial de suas moedas, as dificuldades de acesso ao crédito e o aumento da carga tributária.
Esta conjuntura confronta com uma realidade na qual a indústria segura ao máximo qualquer reajuste nos contratos de compra porque a queda nos preços do mercado internacional não lhes dá suporte para compensar o custo maior dos agricultores.

Diante destes obstáculos, os produtores uruguaios começam a questionar o sistema de produção integrada, onde ajustam preços e produção com a indústria e exportam somente arroz beneficiado. Querem exportar o cereal em casca também.
Na safra, o Uruguai e a Argentina tiveram ligeira redução de área, enquanto o Paraguai a ampliou em torno de 10% mesmo com alguns problemas com os ambientalistas e autoridades federais pela demanda por água de irrigação. A exemplo do Sudeste brasileiro, algumas regiões paraguaias enfrentam efeitos de estiagem prolongada. Sob este cenário, os três países semearam 520 mil hectares de arroz, devendo colher em média 7 mil quilos por hectare e produzir 3,54 milhões de toneladas.

Cerca de 90% deste volume, ou seja, 3,2 milhões, são para exportar.
Os países do Cone Sul, exceto o Brasil, exportam entre 80% e 90% de todo o arroz que produzem e são extremamente dependentes das vendas internacionais. É diante deste panorama que estes países ingressam no ano comercial 2015/16. O Paraguai vive uma situação um pouco diferente porque praticamente 100% do volume que exporta é direcionado ao Brasil e seu custo produtivo – embora com aumento importante neste ciclo e uma forte desvalorização da moeda brasileira – ainda compensa nessa relação de mercado.

Uruguai, principalmente, e Argentina seguirão procurando mercados de maior valor para o seu arroz de maneira a buscar a máxima compensação possível aos seus custos e as dificuldades de vender para o Brasil, cujo câmbio neste início de ano comercial se mostra bastante desfavorável. O Paraguai, que aumenta sua produção e área em todas as safras nos últimos 10 anos, sem portos e sem outra opção que não seja o Brasil, terá que enxugar suas margens ao perceber que em 2015 o arroz brasileiro será bastante competitivo.

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