Pela porta da frente

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Variedade Puitá CL pode ser obtida legalmente no RS.

Depois de ingressar ilegalmen-te no país e colocar a Polícia Federal em alerta para a pirataria de sementes no Rio Grande do Sul, a cultivar Puitá Inta CL, importada da Argentina pela Basf, faz sua estréia oficial na safra 2008/2009. A variedade mutagênica (que sofre mutações com base em cruzamentos ou processos químicos), cuja principal característica é a resistência ao herbicida que controla a erva daninha denominada de arroz vermelho, foi liberada em julho deste ano pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) para o plantio comercial e já está no mercado, devidamente certificada e à disposição dos produtores. 

De acordo com o gerente de projetos Clearfield de proteção de cultivos da Basf no Brasil, Airton Leites, as sementes estão sendo comercializadas pelos canais de distribuição da empresa. “A área de multiplicação de sementes deverá ficar ao redor de três mil hectares, o que proporcionará o abastecimento de sementes certificadas para semear cerca de 200 mil hectares na safra 2009/2010. Porém, devido aos trâmites de importação, as áreas de lavouras comerciais com semente certificada na safra 2008/2009 deverão ficar em torno de 10 mil hectares”, estima. 

Desenvolvida pelo Instituto Nacional de Tecnologia (Inta), da Argentina, a Puitá CL tem sua base genética na cultivar Irga 417, lançada em 1996. “A variedade foi selecionada por sua resistência aos herbicidas pertencentes ao grupo das imidazolinomas em populações geradas mediante a indução de mutações. Isso significa que a Puitá Inta CL não é uma variedade geneticamente modificada”, explica Airton Leites. 

A utilização da tecnologia Clearfield, conforme o gerente da Basf, permite a otimização das práticas de cultivo e possibilita a expressão do potencial genético da variedade. “As aplicações do herbicida Only apresentam excelente controle das plantas daninhas, com amplo espectro de ação, especialmente no controle do arroz vermelho, praga que afeta a maior parte das lavouras gaúchas”, descreve.

Leque de opções

Tecnologia: a eficiência das novas variedades está nas mãos dos arrozeirosPara o presidente do Irga, Maurício Fischer, a importação de sementes certificadas Puitá da Argentina, país onde o produto já é comercializado e registrado nos órgãos competentes, amplia o leque de opções para o setor orizícola. “Somos parceiros no uso correto desta tecnologia, que bem utilizada é uma excelente ferramenta de combate ao arroz vermelho”, destaca. 

Fischer também acredita que a autorização para comerciali-zação das sementes da Puitá no mercado brasileiro deverá viabilizar a integração da nova variedade ao sistema Clearfield, desenvolvido a partir da parceria entre a Basf e o Irga (e que combina sementes certificadas portadoras da tecnologia Clearfield com o herbicida Only). “Este sistema vem proporcionando um aumento significativo de produtividade em todo o estado, bem como a melhoria da qualidade dos grãos produzidos no RS”, ressalta o dirigente. Apesar destes méritos, Fischer observa que a Puitá apresenta algumas limitações em termos de rendimento, relacionadas à origem da cultivar, que é o Irga 417. Considera que não são materiais que possam expressar mais de oito mil quilos por hectare de produtividade média, pela carga genética que possuem. Não são, por exemplo, como a variedade Irga 424, que na safra 2007/2008 apresentou média de produtividade de 9,7 toneladas por hectare na zona sul e 12 toneladas por hectare na região da fronteira-oeste. “Não é uma variedade que se adapte às regiões mais frias do estado, sobretudo durante a fase de reprodução”, avalia. 

Respeito aos produtores  

O uso indevido do sistema Clearfield pelos produtores, que não pagavam pelo uso da tecnologia desenvolvida pela Basf, quase acabou custando caro para a orizicultura gaúcha e catarinense. A empresa, detentora da propriedade intelectual, chegou a paralisar a multiplicação de sementes e o desenvolvimento de novos materiais, bem como sua comercialização, por não estar sendo remunerada devidamente. 

Felizmente, a multinacional decidiu revisar sua posição, sobretudo em respeito aos produtores do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, que vêm utilizando a tecnologia de forma correta e sustentável, conforme explica Leites: “A Basf retomou as parcerias com o Irga, Epagri e Embrapa para a multiplicação de sementes certificadas das variedades Clearfield. Para esta safra vamos ter semente Irga 422 CL comercial e também semente básica para a multiplicação. Para a variedade SCS 115 CL teremos semente básica para multiplicação”, informa. 

A empresa também mantém parceria com a RiceTec, que oferece ao mercado sementes híbridas com a tecnologia CL. 

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