Planta baixa, produção nas alturas

 Planta baixa, produção nas alturas

BR Irga 409 é cultivada há quase 40 anos

 Na década de 1970 o Sul do Brasil começou a experimentar o salto de qualidade e produtividade oferecido pelas tecnologias desenvolvidas a partir da variedade IR8, do Instituto Internacional de Pesquisa do Arroz (Irri). Através do Centro Internacional de Agricultura Tropical (Ciat), na Colômbia, chegava ao Instituto Rio Grandense do Arroz e à recém criada Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) o material genético que estabelecia novos padrões de rendimento, ciclo, porte de planta, volume de palha e qualidade de grãos. E foi a partir deste material genético cruzado com variedades locais que o Sul do Brasil deu os primeiros passos para se tornar responsável por 80% da produção nacional de arroz e grande exportador.

Para se ter uma ideia, se fosse um país o Rio Grande do Sul seria o maior produtor mundial fora da Ásia, potencial que aumenta considerando também Santa Catarina. “Foi muito importante, eu diria até que foi decisivo, para que tenhamos atualmente a qualidade do arroz produzido no Sul do Brasil”, assegura Arlei Terres, pesquisador em melhoramento genético aposentado da Embrapa Clima Temperado e residente em Capão do Leão (RS). Segundo ele, apenas a mudança da planta elevou a produtividade do material até então existente entre 30% e 40%. “Com os cruzamentos e o trabalho dos melhoristas, praticamente se dobrou a produtividade das variedades gaúchas da década de 70 ao início dos anos 80”, ratifica.

Um exemplo de transferência, por cruzamento, dos genes do IR8 é a cultivar BR Irga 409, lançada em 1979, que até hoje é considerada uma variedade nobre nas lavouras gaúchas. Embora tenha sido superada em produtividade por cultivares mais recentes que trazem outras tecnologias como resistência a herbicidas, a BR Irga 409 recebe prêmio na comercialização com a indústria pelo seu alto percentual de grãos inteiros. “Em duas ou três safras praticamente todas as lavouras gaúchas plantavam o 409 por causa de sua produtividade, qualidade de grão e facilidade de manejo”, lembra Paulo Sérgio Carmona, consultor do Irga e melhorista por mais de 30 anos no instituto.

O diretor técnico do Irga Maurício Miguel Fischer destaca que o IR8 alterou completamente o perfil da lavoura arrozeira, inclusive os equipamentos utilizados. “Trata-se de um material de porte baixo, estrutura de planta moderna, menor quantidade de palha, mais produtivo e com grão longo fino, o agulhinha, quando na época no Brasil predominava o consumo de grão longo. O próprio mercado consumidor precisou se adaptar”. A maior parte das sementes hoje cultivadas no Brasil tem genes originários do IR8.

Terres e Carmona: base para novas cultivares

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