Preços altos alcançaram poucos arrozeiros

 Preços altos alcançaram poucos arrozeiros

 Estima-se que 65% dos agricultores gaúchos alcançaram preços inferiores a R$ 60,00, outros 20% menos de R$ 65,00. “Menos de 15% dos produtores conseguiram médias acima de R$ 70,00 e muito menos de 5% atingiram acima de R$ 90,00, pois a maior parte da safra foi vendida no primeiro semestre, o que derrubou a média”, explica Roberto Ghigino, vice-presidente da Federarroz.

Segundo ele, a dinâmica de comercialização da safra passada não favoreceu exatamente os produtores que mais precisavam, e foi boa para aqueles que estão capitalizados e têm melhor gestão comercial e econômica – e pressão – e vendem no segundo semestre, quando os preços costumam ser maiores. Boa parte destes agricultores têm o perfil de proprietário de uma fazenda diversificada de rotação com soja, pecuária e melhor portfólio de negócios, ou industrial que também produz boa parte de sua matéria-prima. Quem vendeu no primeiro semestre tem um perfil de arrendatário, financiado por CPRs, apertado por um maior volume de dívidas e compromissos com vencimento na colheita e sem armazenagem própria.

Para estes, a esperança é uma entrada de colheita 2020/21 com preços mais elevados, remuneradores, capazes de gerar um ganho parcial. “O impacto será muito maior, efetivo e, se não poderá eliminar dívidas contraídas em muitas temporadas, ao menos trará um alívio para quitar essa safra e fazer frente a parte do endividamento e das necessidades mais urgentes. É uma nova perspectiva sobre o futuro”, observa Ghigino.

 


Fique de olho

A expectativa de uma comercialização acima dos custos de produção fez algumas regiões brasileiras e do Mercosul anteciparem o plantio. A ideia é aproveitar o “plus” de preços da entressafra bem no comecinho de 2021. Isso ocorreu em Santa Catarina, que chegou a plantar no Sul do estado no início de agosto, mesmo com baixas temperaturas, no Paraguai e até no Sul gaúcho, onde foram formadas as chamadas “lavouras de inverno” em resteva de soja/pastagem. Analistas e empresários, como o CEO da Camil, Luciano Quartiero, já anteciparam a expectativa de que a próxima colheita inicie com preços referenciais entre R$ 70,00 e R$ 80,00 por 50 quilos de arroz em casca, 58×10, o que, convenhamos, é um ótimo valor frente ao comportamento das cotações nas duas últimas décadas.

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