Qual a produtividade ideal do arroz irrigado?

 Qual a produtividade ideal do arroz irrigado?

 Ao longo dos anos, os rizicultores têm realizado um feito enorme: ampliar a produtividade média de suas lavouras, batendo recorde atrás de recorde. Este feito possui estreita relação com a adoção do conjunto de tecnologias disponíveis para a cultura, combinando genética com manejo da cultura, de forma a alcançar resultados agronômicos tão expressivos.

Os produtores, porém, estão vivendo um grande dilema: estão vendo suas produtividades crescerem e sua renda diminuir. Como explicar isso?

Do ponto de vista agronômico, a busca por aumentar sempre as produtividades é importante. No entanto, existe um aspecto que não vem sendo suficientemente observado neste processo, que é o nível ótimo de produtividade do ponto de vista econômico.

Como a orizicultura é uma atividade econômica, o que o produtor busca (ou deveria estar buscando) não é a maior produtividade possível, mas sim a maior renda possível para os fatores de produção (terra, capital e trabalho) que ele dispõe e utiliza na sua produção.

Então, definitivamente, não são as 15 ou mais toneladas por hectare que realizarão o produtor como um empreendedor na orizicultura, mas sim quantas toneladas ele tem de lucro por hectare. Não basta colher 15 toneladas e gastar 14,5 para produzi-las. É definitivamente melhor colher 7 ou 8 toneladas, gastando 4 ou 5 para produzi-las. Então, qual é o nível ótimo de produtividade? Vai depender do custo de produção que o produtor tem. É necessário realizar um exercício onde o produtor “põe no papel” os custos de produção para cada um dos níveis de produtividade possíveis em suas lavouras. A partir deste exercício ficará mais fácil saber qual o nível de produtividade que lhe dará o melhor retorno econômico.

A ilustração demonstra o nível de produtividade para cada produtor. Conforme a figura, é necessário ter em mãos a planilha de custos para diferentes níveis de produtividade. A partir daí, calcular o custo médio (custo total por hectare / produtividade obtida) da saca de arroz.

Como o preço é dado (o produtor não tem influência sobre ele), é nos custos médios e, para isso, no nível de produtividade que o produtor pode mexer. Realizando-se um exercício para diferentes níveis de produtividade, nos níveis mais baixos o custo médio (R$/saca) é elevado.

Se aumentarmos um pouco esta produtividade, o custo médio irá cair (o que é desejável). Se continuarmos aumentando a produtividade, o custo médio da saca irá aumentar, porque ficará mais caro produzir cada saca adicional (= custo marginal = custo de uma saca adicional por hectare). O nível ideal de produtividade, do ponto de vista econômico, é aquele onde a última saca produzida tem um custo (= custo marginal) igual ao preço recebido pelo produtor pela saca de arroz. Então, a produtividade ideal do arroz irá depender da curva de custos de cada produtor e do preço recebido, que muda de uma safra para outra.

Assim sendo, o rizicultor precisa, antes do início de cada safra, realizar este exercício para identificar o nível ideal de produtividade que ele deve almejar, para a safra vindoura, a partir das expectativas de custos e preços. Assim será possível otimizar o resultado econômico da atividade.

ALCIDO ELENOR WANDER
ENGº AGRÔNOMO, DOUTOR EM ECONOMIA AGRÍCOLA. PESQUISADOR DA EMBRAPA ARROZ E FEIJÃO. ATUALMENTE, CHEFE-GERAL DA EMBRAPA ARROZ E FEIJÃO. ALCIDO.WANDER@EMBRAPA.BR

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