Queda anunciada

Mato Grosso passa ao
quarto lugar no ranking
dos maiores produtores
de arroz
.

O primeiro levantamento de intenção de plantio da safra 2012/13, divulgado em outubro pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), confirma a queda na participação do Mato Grosso na produção de arroz em uma posição na safra 2011/2012. A retração na última pesquisa apresentada foi de 42% em relação à safra passada, quando a produção caiu de 795,9 mil toneladas para 461,3 mil.

Com isso, o estado cai de terceiro maior produtor para a quarta colocação. O volume atual inclusive é menor que as 514,6 mil toneladas divulgadas pela Conab em agosto. A área plantada com o cereal caiu 44%, alcançando 143,4 mil hectares, mas a produtividade média cresceu 3,5%, com patamar de 3.217 quilos por hectare.

Entre as causas dessa retração está o preço baixo do produto em comparação com a soja. Para o diretor administrativo da Federação da Agricultura e Pecuária do Mato Grosso (Famato), Nelson Piccoli, o preço do arroz no início da safra estava impactando na decisão dos produtores, o que levou à queda. “Outro fator é que não temos no Mato Grosso muitas variedades para uma produção de segunda safra. Abriram-se novas áreas, ou seja, na próxima safra vamos usar área de pastagem, e a expectativa é que se plante o arroz para melhorar a qualidade do solo”, avalia.

Para a safra 2012/13, o relatório da Conab estima que o volume de produção será até 15,2% menor do que as 461,3 mil toneladas colhidas no ciclo 2011/12, ou seja, entre 391,2 mil toneladas e 413,5 mil. Se estes dados forem confirmados, a indústria não descarta novas aquisições do cereal fora do estado, o que pode impactar no preço do produto ao consumidor final.

A área destinada ao arroz deverá cair entre 12% e 7% frente aos 143,4 mil hectares plantados na safra 2011/2012, podendo variar de 126,2 mil hectares e 133,4 mil. A redução da área proporcionará também a queda na produtividade estimada em 3,6%, uma retração de 3.217 quilos por hectare para 3.100. Já na produção, a perspectiva da Conab é de 391,2 mil toneladas a 413,5 mil.

DIFERENÇA
O presidente do Sindicato da Indústria de Arroz em Mato Grosso (Sindarroz-MT), Ivo Fernandes Mendonça, discorda do levantamento da Conab. De acordo com o dirigente, a produção de arroz, na verdade, foi de 512 mil toneladas na safra 2011/12. “Este dado não bate com o da safra passada. Entretanto, para esta, cujo plantio do arroz está começando, ainda é cedo dizer algo, pois os preços pagos ao produtor estão começando a reagir devido à falta de produto, o que pode levar à ampliação da produção. Mas só lá pelo final de novembro, quando o plantio estiver encerrado, é que poderemos afirmar algo mais concreto”, explica.

Mendonça, no entanto, não descarta comprar arroz de outros estados para suprir o consumo interno. “Se as projeções da Conab se concretizarem, seremos obrigados a comprar de fora para envazar aqui no MT, como estamos fazendo hoje. Ainda estamos comprando do sul do Brasil, porém acredito que não chegue até as 100 mil toneladas que estimávamos, pois, como os preços subiram, os produtores que ainda seguravam o cereal nas propriedades passaram a vendê-lo. Ainda assim, os estoques da produção local devem zerar no final do ano”, reconhece.

ALTERNATIVA

Embora a cultura do arroz venha atravessando um momento crítico no MT, o cereal permanece como uma interessante alternativa no plantio em áreas velhas. “As áreas onde a soja se repete há anos precisam de uma rotação com arroz para quebrar o ciclo de pragas e doenças e também para agregar nutrientes ao solo”, observa o diretor da AgroNorte Pesquisas e Sementes, Ângelo Carlos Maronezzi.

O diretor administrativo da Famato, Nelson Piccoli, explica que, com a impossibilidade de se abrirem novas áreas para a agricultura no estado, a solução é recuperar terras velhas e áreas de pastagens degradadas. “O ideal seria plantar arroz no primeiro ano e entrar com a soja ou o milho no ano seguinte, estabelecendo uma dinâmica de rotação de culturas. Hoje, temos variedades desenvolvidas especialmente para esta finalidade. É um passo importante para quebrarmos a monocultura que prevalece no MT, e temos trabalhado bastante para conscientizar os produtores. Mas o que temos observado é que muitos estão entrando direto com a soja. Esperamos que, com a melhora nos preços do arroz, a cultura volte a crescer no estado”, aponta o dirigente.

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