Queda com sotaque

Clima e mercado em baixa
levam o Mercosul a ajustar
sua produção para 2011/12
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A maturidade dos exportadores uruguaios e argentinos, por sua larga experiência, é superior à média dos negociadores brasileiros no mercado internacional do arroz. O brasileiro aprende rápido, se adapta facilmente e aproveita oportunidades, mas em estratégia coletiva os “hermanos” seguem dando demonstrações de organização. Depois de um ciclo comercial 2011/12 de preços baixos no mercado internacional e previsão de um recorde de produção mundial e de estoques muito altos, os países que compõem com o Brasil o bloco econômico do Mercosul – Argentina, Uruguai e Paraguai – diminuíram ou evitaram aumentar suas áreas. O clima adverso aos cultivos, no entanto, em razão da estiagem, afetou ainda mais as lavouras e indica uma redução na expectativa produtiva destes países.

O analista de mercados de arroz da consultoria Safras & Mercado, Eduardo Aquiles, considera que a estiagem teve uma participação decisiva para gerar uma retração de 10,5% na produção Argentina, 5% no Paraguai e 6% no Uruguai. “Na Argentina já havia uma intenção menor de plantio, mas que foi afetada ainda mais pela estiagem que em algumas regiões é ainda mais grave do que no sul do Brasil”, reconhece o consultor. A Argentina diminuiu em 6,3% sua área, para 240 mil hectares, o Paraguai reduziu de 81 para 80 mil hectares sua superfície semeada no ciclo 2011/12, ou seja, 1,2%. No Uruguai a área efetivamente plantada caiu de 195 mil para 180 mil hectares, ou 7,7%. Além da seca na região que faz fronteira com Bagé e Livramento no Rio Grande do Sul, os uruguaios sofreram com a salinização da Laguna Merim (Lagoa Mirim) do lado uruguaio.

Esse comportamento de clima, acredita Eduardo Aquiles, da Safras & Mercado, poderá afetar o mercado brasileiro. “Os menores níveis de produção do Mercosul e portanto de exportação deste bloco, que poderão ingressar no Brasil devido às facilidades tarifárias, farão diferença. Se houver uma reação no mercado externo, estes fornecedores vão procurar terceiros compradores. Eles já aprenderam que forçar a oferta no Brasil acaba refletindo nos seus preços futuros”, ensina.

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