Questão central

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Variedades desenvolvidas pela Embrapa são mais resistentes

Tocantins cresce na produção arrozeira com apoio da Embrapa

Atualmente com sementes em cerca de 90% da área de arroz plantada no Tocantins, terceiro maior produtor nacional, a Embrapa vem colaborando para o incremento dessa cadeia produtiva de valor no estado. O desenvolvimento, em conjunto com instituições parceiras, de cultivares específicas para a região pode ser apontado como uma contribuição efetiva, pois se antes o produtor tinha como opções de plantio quase somente cultivares do Sul do Brasil, nas últimas safras as opções de sementes próprias para o estado aumentaram.

Daniel Fragoso, pesquisador da Embrapa Arroz e Feijão (GO) e lidera os trabalhos com arroz no Tocantins, integrando o núcleo de pesquisa em sistemas agrícolas da Embrapa Pesca e Aquicultura (Palmas-TO). De acordo com Fragoso, “o Programa de Melhoramento de Arroz (MelhorArroz) da Embrapa busca inovações para sustentabilidade produtiva e excelência da qualidade da cultura por meio do desenvolvimento de cultivares. É um programa contínuo e atualmente conta com apoio financeiro também da iniciativa privada, por contrato de cooperação técnico-financeira: Uniggel Sementes, Sementes Simão e Sementes Brazeiro.

Outra parceira é a Universidade Estadual do Tocantins (Unitins), que atua na pesquisa voltada ao meio rural, que com a Embrapa desenvolve trabalho na geração de uma variedade de arroz genuinamente tocantinense, a BRS TO, que deverá estar disponível para os produtores nas próximas safras. A Embrapa oferece para o Tocantins opções de variedades de arroz tanto para o cultivo irrigado – BRS Catiana, BRS Pampeira, BRS A702 CL e BRS A704 –, como para cultivo em terras altas – BRS A501 CL e BRS A502. “No planejamento, é programado o lançamento de uma nova cultivar de arroz a cada dois anos para atender à demanda dos produtores locais”, explica Fragoso. Hoje, a BRS Pampeira está em mais da metade da área rizícola do estado.

O agricultor José Luís Venâncio, do Projeto Formoso do Araguaia (TO), considera que os produtores tocantinenses de arroz precisam de mais variedades para cultivar. Ele semeou 977 hectares de BRS Pampeira na safra 2020/2021 e tem boa expectativa para o desempenho da cultivar, mas lembra que isso depende das condições climáticas. “A cultivar da Embrapa é uma das melhores do mercado, teto produtivo alto, resistente às principais doenças e excelente qualidade de grãos. Ponto negativo é ser susceptível ao acamamento”, relata.

Fique de Olho
Materiais genéticos resistentes à brusone produzidos no Rio Grande do Sul, como a cultivar IRGA 424, perderam a resistência já no primeiro ano de plantio. Em alguns casos, seriam necessárias até oito aplicações de fungicidas. A pressão das doenças fúngicas, em função do clima abafado e úmido, é muito grande na região, que serve de testes para inúmeros estudos na área. Daí, a alegria dos produtores ao poderem contar com cultivares criadas dentro das condições de lavoura do próprio estado.

Práticas e adoção de tecnologias
As práticas de manejo na lavoura de arroz, a escolha da variedade certa e o foco na sustentabilidade da produção devem ser preocupações constantes do agricultor. A adoção de tecnologias é prioridade para se elevar a produtividade, já que dessa maneira reúnem-se as principais técnicas recomendadas pela pesquisa, a começar pela época de semeadura e pela irrigação. Outro ponto importante é a reorganização das áreas quanto ao sistema de drenagem, irrigação e domínio sobre o fluxo das águas para potencializar usos, diversificar cultivos e reduzir estresses das plantas, o que tem sido alvo de orientações da Embrapa.

É necessário que os produtores invistam em conservação e armazenamento para serem menos dependentes de águas superficiais de rios e riachos e para evitar o carreamento e a contaminação das fontes por agroquímicos. Nas últimas safras, com o predomínio de cultivares com genética Embrapa na região tropical, tem sido possível reduzir em até 50% o número de aplicações preventivas com fungicidas, contribuindo diretamente para maior sustentabilidade da produção, com redução tanto de custos como de resíduos químicos nos grãos. A resistência genética às principais doenças da cultura do arroz, principalmente a brusone, também é fruto de pesquisa.

Para José Manoel Colombari Filho, pesquisador da Embrapa Arroz e Feijão (GO) na área de genética e melhoramento de arroz, a produção irrigada na região tropical é muito desafiante devido à severidade e à incidências de doenças, principalmente a brusone: “É no Tocantins onde ocorre a maior diversidade deste fungo que afeta a produção do arroz e faz aumentar a dependência do uso de agrotóxicos para o controle”. Ainda de acordo com o pesquisador, nas últimas safras, mais de 80% das áreas plantadas no estado têm usado cultivares de genética Embrapa e estas tecnologias têm permitido reduzir a quantidade de aplicações de fungicidas na cultura.

Qualidade dos grãos é um dos focos da pesquisa genética

Recomendações
Uma observação importante para o fortalecimento da cadeia produtiva é seguir as recomendações técnicas para a cultura. A transferência de tecnologia precisa acontecer adequadamente para atender às demandas da lavoura. A participação dos diferentes atores em identificar os limitantes a serem trabalhados corretamente, tanto pela pesquisa como pela extensão, junto aos arrozeiros, é fundamental para que o processo produtivo alcance a evolução necessária.

De acordo com dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), em boletim divulgado em novembro/2020, a projeção para a safra de arroz irrigado que está no campo é similar à safra 2019/20. A área plantada deve permanecer em 111 mil hectares, mas por fatores climáticos a produção deve ter ligeira queda de 0,6%, passando das 632,6 mil para possíveis 628,5 mil toneladas em 2020/21, refletindo a redução da produtividade média de 5.704 quilos por hectare na temporada anterior para 5.667 kg/ha.

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