Reação às barreiras

 Reação às barreiras

Lideranças setoriais veem
com preocupação travas
nas exportações ao Brasil
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A indústria arrozeira do Paraguai reagiu à possibilidade de o Brasil levantar barreiras sanitárias ou comerciais ao seu produto. Guillermo Zub, presidente da Câmara Paraguaia de Industriais do Arroz, afirmou durante evento setorial que a adoção desse tipo de mecanismo fere o Acordo de Livre Comércio do Mercosul e que as ameaças já foram levadas ao conhecimento dos setores competentes do governo paraguaio e seus representantes no parlamento e nas comissões do Mercosul.

Zub vê uma campanha difamatória contra as empresas, arrozeiros e o país vizinho, liderada por produtores brasileiros, inclusive dirigentes, políticos e imprensa, dizendo que o arroz paraguaio não cumpre exigências de qualidade e sanitárias, não controla o uso de agroquímicos e usa princípios ativos proibidos. “Isso não é verdade, pois o Serviço Nacional de Qualidade e Sanidade Vegetal e de Sementes (Senave) realiza controles periódicos em todos os produtores, indústrias e sistemas ao longo da cadeia. Os insumos da lavoura paraguaia cumprem normas internacionais”, avisa.

O empresário Hector Ramirez, da empresa Arrozal, explica que os paraguaios têm a vantagem de importar insumos genéricos mais baratos por causa dos volumes e sem o custo da marca comercial, mas todos eles são analisados pelos organismos de defesa sanitária do país. “É um fator competitivo que deveria ser buscado pelos brasileiros. A história de defensivos proibidos não procede”, resume.

Guillermo Zub lembra que o Paraguai exporta arroz para a Comunidade Europeia, com regras muito exigentes, e apresenta todos os atestados e certificados de qualidade e análises de resíduos. Para ele, a causa da pressão é a competitividade da cadeia produtiva guarani. “Há 10 anos vendíamos 45 mil toneladas por ano ao Brasil, agora são 600 mil. A competição é que incomoda”, opina. Por precaução, as indústrias paraguaias estão realizando provas e análises no arroz, cujos resultados são enviados aos clientes. “Estamos pedindo às entidades e autoridades do Brasil, de forma oficial, um posicionamento sobre a razão dessas declarações inverídicas”, assegura.

O presidente da Câmara Paraguaia de Industriais de Arroz afirma que os agricultores brasileiros participam de um mercado de livre comércio e deveriam buscar soluções para suas limitações, que eles próprios admitem estar ligadas a fatores internos, como a tributação e a logística, ao invés de agir contra o livre comércio com argumentos improcedentes. “É ruim até para o arroz brasileiro. Cria imagem negativa do alimento num mercado que já perde consumidores e precisa de uma mensagem positiva”, avalia.

A crise é para todos

A versão de que o Paraguai cresce de forma acelerada não encontra eco entre os rizicultores do país. ROBERTO ZUB, presidente da Associação de Arrozeiros de Itapúa, assegura que enquanto investidores – parte brasileiros – ampliam os negócios com arroz naquela nação, agricultores tradicionais deixam a atividade.

Sua entidade, por exemplo, perdeu 60% dos associados em 20 anos. “Os pequenos e médios arrozeiros têm os mesmos problemas que os brasileiros, uruguaios e argentinos: custos altos, preços baixos e endividamento”, afirma. Segundo ele, as modernas empresas paraguaias se sujeitam a exportar arroz a preços baixos ao Brasil por necessidade de caixa para pagar os próprios financiamentos. “Algumas são financiadas por capital internacional com vencimento dos créditos no primeiro semestre”, explica.

Como o mercado interno é pequeno, a armazenagem é deficitária e precisam de dinheiro, muitas firmas têm como solução exportar o arroz. Assim, pressionam os arrozeiros a venderem abaixo do custo de produção. “Além de alguma vantagem competitiva, por isso entra arroz paraguaio no Brasil a preços baixos, o que é ruim para todos. Depois se tenta compensar na média com a evolução das cotações”, argumenta. “As indústrias talvez tenham fôlego para isso, mas os arrozeiros não têm”, avisa.

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