Reação inesperada

 Reação inesperada

Terras altas: produtividade é uma das receitas para o crescimento da safra mato-grossense

Bons preços da soja, milho e algodão refletem na área de arroz no Mato Grosso
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O cultivo de arroz em Mato Grosso (MT) segue dando sinais de recuperação. Na safra 2013/14, as áreas destinadas à cultura registraram um incremento de 6% em relação ao ciclo anterior. De acordo com o levantamento de julho da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), foram semeados 176,3 mil hectares. A produção passou de 528 mil toneladas para 579,1 mil toneladas, volume 9,7% maior que o colhido em 2012/13. As chuvas durante a safra beneficiaram as lavouras, principalmente no Oeste do estado, onde a produção foi 33% maior que na temporada anterior.

Para a Conab, a expansão das lavouras e o consequente aumento na produção de arroz na região estão diretamente ligados aos bons preços da soja, do algodão e do milho, que vêm criando ao longo das últimas safras uma demanda por mais áreas agriculturáveis. Esta demanda, no entanto, está sendo atendida em larga escala por pastagens degradadas e antieconômicas para a produção de grãos. Assim, para a maioria dos produtores o arroz se apresenta como a cultura mais indicada para reverter este processo, uma vez que é uma cultura que exige menos investimentos e gera bons resultados de transição para a recuperação das características químicas e físicas do solo.

O pesquisador Carlos Magri Ferreira, da área de socioeconomia da Embrapa Arroz e Feijão (GO), também observa que o incremento das lavouras de arroz está muito espalhado pelo estado, principalmente em áreas onde se planta soja. Ainda assim, ele não aposta na retomada da cultura nos mesmos moldes que colocaram o Mato Grosso como o segundo maior produtor brasileiro do cereal há alguns anos. “A produção encolheu, mas cresceu em qualidade, e hoje se destina basicamente para atender a demanda da indústria e do consumo estadual e algumas regiões vizinhas”, avalia.

Atualmente, conforme Magri, que desde 2006 trabalha em uma pesquisa de mercado junto ao varejo no MT, 87% do arroz vendido nas gôndolas dos supermercados mato-grossenses é produzido no próprio estado. “O consumidor está mais exigente em relação à qualidade, mas o consumo é pequeno, variando entre 280 mil toneladas e 300 mil toneladas anualmente. Este grau de exigência pode ser comprovado pelo arroz gaúcho, que, de tão competitivo, chega ao mercado local e faz frente em preço”, explica.

Outro empecilho para grandes aumentos na produção de arroz no Mato Grosso, segundo o pesquisador, é a dificuldade para estocar o excedente em razão da deficiência de armazenagem. “A única indústria com estrutura para armazenar é a Urbano, mas é insuficiente frente ao volume produzido”, diz Magri.

CEDO
Análise semelhante faz o presidente do Sindicato das Indústrias de Arroz do Mato Grosso (Sindarroz-MT), Ivo Fernandes, que também não crê em grandes avanços para a produção do cereal no Centro-oeste para a próxima safra. “Ainda é muito cedo para se falar em intenção de plantio, já que as prioridades no momento são a soja e o milho. Sobre isso, só teremos uma ideia melhor lá por setembro e outubro. É claro que o preço do arroz vai influenciar, mas não acredito que a produção deva ultrapassar a atual safra em termos de volume. Atualmente a produção tem sido suficiente para abastecer o mercado interno. Já em relação ao aumento da área plantada, creio que se deve basicamente ao processo de recuperação de pastagens e áreas degradadas”, estima.

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