Restrição de oferta é o que segura preços do arroz nos atuais patamares do mercado
(Cleiton Evandro dos Santos/AgroDados/Planeta Arroz) O cenário mundial da comercialização de arroz mudou, as cotações dos alimentos elevaram-se, mas o que está sustentando mesmo os preços ao produtor no Rio grande do Sul nos patamares do final da entressafra é o baixo volume de ofertas. Notadamente, a maior parte dos agricultores decidiu adotar a mesma estratégia de comercialização, negociar a soja na frente, a pecuária, quando é o caso, e segurar o arroz para vender no segundo semestre, esperando que as cotações voltem ao pico do ano passado, a mais de R$ 100,00 por saca de 50 quilos. O outro ponto que age, mas com menor relevância, é a colheita menor no Paraguai, que reduz a disponibilidade para importação e, também por isso, preços elevados da concorrência.
Mas, de maneira geral, o mercado do arroz, diferentemente de outras commodities, não tem a força da demanda internacional ou do mercado interno. No caso da soja e do milho, por exemplo, a China está ávida para contar com a produção brasileira e muitos outros países do mundo. No caso do arroz, nossos horizontes se limitam às Américas, eventualmente o Oriente Médio, e quebrados para a África. O certo é que o mercado brasileiro representa 11 milhões de toneladas, aproximadamente, em base casca, e nossa participação no mercado internacional fica em volta de 1,2 milhão de toneladas, anualmente.
E, na pedida atual dos arrozeiros (R$ 92,00 no porto), que foi o valor já muito ajustado fechado para o embarque de um navio que sai esta semana para a Costa Rica, operações como esta não mais se viabilizam. Pelo câmbio, a saca deveria estar entre R$ 85,00 e R$ 88,00, no porto. Isso jogaria os preços médios na Fronteira Oeste, por exemplo, para R$ 78,00 a R$ 81,00, livres. Com o dólar mais perto de R$ 5,50 do que dos R$ 6,00, a competitividade nacional é ainda menor. A ponto do terceiro lote de 25 mil toneladas para a Costa Rica poder sair, em julho, do Paraguai e do México ter anunciado esta semana a aquisição de 25 mil toneladas (das 75 mil que os gaúchos comemoravam antecipadamente na última semana, do Uruguai.
Uma parte pequena e formada por grandes produtores, considera que a exportação é investimento, pela capacidade de neutralizar no mercado interno o peso de excedentes colhidos. Algo como 1,2 a 1,5 milhão de toneladas precisam ser exportados sob pena de comprometer, por oferta excessiva, o mercado interno. As 8,35 milhões de toneladas do arroz em casca que estão sendo colhidas no Rio Grande do Sul precisam encontrar destino.
O varejo segue comprando da mão para a boca, os preços aos consumidores não modificaram e seguem estabilidades. As indústrias têm aberto as negociações propondo preços mais baixos a cada semana, mas apenas as que realmente precisam de matéria-prima aceitam pagar valores mais altos, ainda assim do arroz a depósito.
PREÇO AO CONSUMIDOR
Do lado do consumidor, nota-se que nas gôndolas dos supermercados os valores não foram alterados. Ainda assim, o varejo tem mostrado interesse muito pontual e é recorrente a informação de fardos de arroz do Sul do Brasil chegando a São Paulo e Rio de Janeiro entre R$ 104 e R$ 109 reais para o fardo do tipo 1. Ofertas entre R$ 16,50 e R$ 18,00 têm ocorrido em todo o país para o pacote de cinco quilos. Ainda assim, há estabilidade nos preços médios entre R$ 26,00 e R$ 27,00.
Espera-se, ao longo desta semana, novo “rallye” entre os fornecedores de matéria prima e as indústrias e traders. O mercado está neste nível, disputado palmo a palmo, centavo a centavo. Mas, no momento, sob o atual cenário, dá suporte à ligeira queda de 0,4% acumulada em abril segundo o indicador de preços Esalq-Senar/RS.