Safra de superação
Mesmo quando os governos jogam contra, os arrozeiros apostam na produção de alimentos .
A safra brasileira crescerá 2,3%, para 12,97 milhões de toneladas de arroz em casca, nesta temporada 2014/15, motivada principalmente pelo aumento de área e produtividade no Rio Grande do Sul, que responderá por 68% da colheita nacional. Com isso, o Brasil continua sendo o maior produtor do cereal fora da Ásia, bem à frente dos demais produtores, como Estados Unidos, Nigéria e África do Sul. O país tem também o maior mercado consumidor do Ocidente, com 12 milhões de toneladas (base casca)/ano.
As colheitadeiras já deixaram as lavouras catarinenses – exceto as áreas de rebrote, que estão sendo colhidas agora – e estão finalizando as operações nas áreas gaúchas, mato-grossenses e tocantinenses, enquanto está afunilando o recolhimento dos grãos maduros no restante do país, exceto o Nordeste mais árido, de pequenas áreas, onde o processo só termina em julho.
A expectativa é de uma produtividade média nacional de 5.289 quilos por hectare, 3,5% maior do que na temporada passada, principalmente pelo desempenho do sul do Brasil e das áreas de cultivo de arroz irrigado do Mato Grosso do Sul, Tocantins, Maranhão, Roraima, Pará e polos do Nordeste.
Apesar do aumento da área cultivada no sul do Brasil, no conjunto nacional houve uma retração de 1,2% no tamanho da lavoura, para 2,344 milhões de hectares. A redução foi de aproximadamente 30 mil hectares. O clima atrasou o plantio no sul do país – por conta do excesso de chuvas houve algumas perdas pontuais por enxurradas e enchentes. No Centro-Oeste as chuvas atrasaram, o que também interferiu na germinação das lavouras.
O aumento de área e de produtividade indica que mesmo quando os governos jogam contra a cadeia produtiva – com tarifaços de energia, combustíveis, ressuscitação de impostos que aumentam a carga tributária já excessiva, estradas com má conservação e inviabilização do único terminal arrozeiro do Brasil – os produtores seguem apostando na tecnologia, investindo e desenvolvendo uma produção de alimentos com qualidade.
As novas tarifas e o aumento dos juros sobre o crédito em 2015 evitaram maior impacto na safra 2014/15, que sob estes custos poderia ser menor, mas vão afetar a safra que começará a ser cultivada no final de agosto no país.