Safra menor, silos cheios

 Safra menor, silos cheios

Safra mundial pode
cair 1%, mas os estoques vão crescer
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A Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) está projetando a queda de 1% na produção mundial de arroz em 2019 em relação a 2018, para 773,4 milhões de toneladas métricas. Este volume equivale a 513,5 milhões de toneladas de arroz beneficiado. Com base nos relatórios de outubro da FAO e do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (Usda), o economista Patricio Méndez del Villar, do Centro de Cooperação Internacional em Pesquisa Agronômica para o Desenvolvimento (Cirad), da França, analisou as tendências e fatores que podem impactar na safra global.

Segundo ele, as incertezas quanto à ocorrência de El Niño pesam na produção chinesa, que provavelmente terá um declínio. Este será parcialmente compensado pelo aumento da safra indiana. “Em outras regiões asiáticas, as colheitas podem diminuir devido a preços menos recompensadores. Na África Subsaariana, as chuvas insuficientes devem impactar a produção, em particular nas regiões ocidentais, onde é estimado um declínio de 4% em relação a 2018”, explica. A redução deve afetar Nigéria e Mali. “No resto da África, o volume colhido deve permanecer estável”, observa.

No Mercosul, a colheita foi menor em 2019 pela queda nas áreas plantadas e problemas climáticos. Enquanto isso, relatórios de setembro indicam que nos Estados Unidos as colheitas podem diminuir 8%, o que pode abrir maior competitividade para o arroz do Mercosul nas Américas Central e do Norte e mesmo no Oriente Médio.

 

China é maior produtora, importadora e consumidora de arroz no mundo

Comércio mundial

Mesmo com a safra menor em 2019, o comércio mundial deverá contrair 5%, para 45,9 milhões de toneladas de arroz beneficiado contra 48,4 milhões em 2018. Pela estimativa, os grandes importadores asiáticos veriam a demanda diminuir, exceto nas Filipinas. “A redução deve afetar mais a Tailândia, onde as exportações podem cair 20%”, alerta Patricio Méndez del Villar. Os demais grandes exportadores, incluindo os EUA, manteriam as vendas externas estáveis ou com ligeiro aumento.

A mudança mais significativa no perfil das exportações é a volta da China como fornecedor ao mercado mundial. Os chineses são agora o quarto maior exportador do mundo, posição que deve consolidar em 2020. Apesar de operar com estoques que superam 50% de todo o mundo, os chineses passaram a vender na Ásia e na África o produto armazenado a mais tempo, movimentando o mercado global em 2019. “Por outro lado, os exportadores do Mercosul, bem como a Austrália, verão as vendas caírem por redução da disponibilidade exportável. Na África, a necessidade de importação deve subir 3,5%, para 17,3 milhões de toneladas contra 16,7 milhões em 2018.

FIQUE DE OLHO

Com esta conjuntura e um consumo mais fraco, os estoques globais de arroz, ao final de 2019, devem aumentar significativamente: 5,2%, para 182,9 milhões de toneladas contra 173,9 milhões em 2018, atingindo seu nível histórico mais alto. Essas reservas representam 36% das necessidades globais. O novo aumento se deve, essencialmente, à reconstituição das reservas chinesas e indianas, bem como da Indonésia e das Filipinas. Os estoques dos principais países exportadores também devem se recuperar em 37 milhões de toneladas, equivalente a 22% das reservas mundiais.

 

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