Santa Catarina já colhe arroz da safra 2020/21

 Santa Catarina já colhe arroz da safra 2020/21

Primeiro corte já começou em Guaramirim, Santa Catarina

Área cortada ainda é pequena no Norte do Estado, destinada à produção de soca, mas deve ganhar força a partir do próximo dia cinco.

Os arrozeiros catarinenses já estão colhendo a safra de arroz 2020/21. Algumas lavouras já estão sendo colhidas no Norte Catarinense, onde é comum o plantio começar em agosto por causa do microclima de algumas regiões. Nestas áreas, em geral, são realizadas duas colheitas, é o chamado sistema de produção com soqueira (também conhecido como soca, ressoca ou rebrote em outras regiões). Ele consiste em plantar cedo, realizar a colheita normalmente e manejar as plantas e a irrigação – geralmente com mais uma aplicação de fertilizante – para obter um segundo corte. As primeiras lavouras colhidas estão com média de 7.500 quilos de produção no primeiro corte e expectativa de colheita de mais 1,5 a 2,5 mil quilos por hectare da soqueira.

Adriano Persike, produtor em Guaramirim, na região de Joinville, está prestando serviços para alguns vizinhos que anteciparam o plantio. Um deles, que plantou a variedade Irga 424, colheu média de 140 sacas por hectare, de média, no primeiro corte. Espera colher perto de 35 sacas no novo corte. Segundo ele, dos 30 dias de dezembro, choveu perto de 20 dias, o que pode afetar a produtividade na microrregião. “Até o início de dezembro estava muito seco, mas estamos na beira do rio, então houve poucos problemas neste sentido. A chuva é que está atrapalhando um pouco mais porque o arroz está na floração, e isso preocupa porque dá mais cacho falhado”, explica.

Persike aponta que a colheita deve pegar volume na sua região entre os dias 15 e 20. “Não estamos tão animados quanto o ano passado com relação a produtividade, mas o preço está bem melhor e isso mantém a expectativa mais alta. Quem colher bem, vai equilibrar as contas”, avalia.

Harry Dorow, presidente da Cooperativa Regional Agropecuária Vale do Itajaí (Cravil), de Itajaí/SC, revela-se preocupado com a previsão do tempo para janeiro. “Há uma expectativa de umas ondas de frio no alto vale, e isso tem sido um fator que prejudica a produtividade em algumas temporadas. Em geral, é uma safra boa, as lavouras estão bonitas, bem cuidadas e devemos ter uma boa colheita se o clima não atrapalhar daqui pra frente, que é a fase de maior sensibilidade das plantas”, observa. De acordo com o dirigente cooperativista, raríssimas lavouras estão passando pelo primeiro corte. “Mesmo as lavouras do cedo começam a ser colhidas de cinco a 10 de janeiro, a colheita mais forte depois de 15 a 20 de janeiro, mas numa oportunidade de semeadura sempre há alguns poucos casos de colheita antes de virar o ano”, indica.

A safra, até agora, teve dois momentos distintos na região. “Começamos com o período pós-semeadura com pouca umidade no solo, mas depois normalizou. As plantas cresceram bem, formaram boas lavouras e nossa esperança é que assim se mantenham. Só alguma microrregião teve um pouco mais de chuva e tempo nublado agora no dezembro e temos essa previsão de temperaturas mais baixas em janeiro que causam preocupação nas regiões mais altas, não tanto no litoral”, explana.

Já quanto ao mercado, ele considera que está seguindo o ritmo normal. “Sempre dá uma acalmada nesta época, tanto para o beneficiado quanto para o arroz em casca. Hoje os preços médios do arroz em casca na região estão em torno de R$ 75,00 a R$ 80,00 por saca de 50 quilos, e devem baixar um pouco na colheita. É difícil se sustentar na hora da oferta, com essa tendência de queda do dólar e preços mais competitivos no arroz do exterior. Mas, ainda estão melhores do que o patamar que vinham antes, na faixa dos R$ 40,00 a R$ 50,00”, disse.

SUL CATARINENSE

No Sul Catarinense a situação é um pouco distinta em termos de mercado. Os preços se mantém próximos dos R$ 90,00, mas apenas para aquisições do produto depositado nas cooperativas. “Foi um ano muito atípico, mas estamos abastecidos e com boa expectativa de colheita. Deve ser um ano de cotações boas, remuneradoras, apesar de que tivemos uma retração mais forte no consumo no final do ano. Se não esperamos uma retomada muito forte, também acreditamos que 2021 não será um ano de queda significativa na demanda. As cotações, sim, devem recuar naturalmente na safra, mas não ao patamar anterior a 2020. Acreditamos num ano equilibrado. É normal que na colheita os preços caiam um pouco em algumas regiões”, observa Vanir Zanatta, presidente da Cooperja, de Jacinto Machado, que tem filiais em Santo Antônio da Patrulha e Camaquã no RS.

Conforme Zanatta, a colheita na região começa pra valer em torno do dia 15 de janeiro. “Não podemos assegurar que vamos ter a melhor produtividade em arroz, mas se nada der errado daqui pra frente, será uma boa colheita. Andamos pela região esta semana e vimos lavouras muito boas, já em fase final do ciclo reprodutivo, produtores se preparando para a colheita. Agora estão falando em frio nos próximos dias, e isso é um problema durante o florescimento do arroz, mas se continuar quente, devemos ter uma safra de normal para muito boa. Talvez não igual ao ano passado, que foi excepcional, beirando 200 sacas por hectare, mas na faixa dos 170 a 180 sacas de média possivelmente pois estamos com mais dias nublados”, analisa. Lembra, porém, que os custos se elevaram nesta temporada.

No Sul, de olho nas cotações de 2020, alguns produtores também adotaram o plantio mais cedo, embora o clima não seja o mais indicado e nem as técnicas as mais recomendadas.

ESTADO

A estimativa atual da safra aponta para uma estabilidade na área plantada, em torno de 149,5 mil hectares em Santa Catarina, segundo a Epagri. Em relação à produção e produtividade, é esperada uma redução de 5,67% em comparação à safra anterior, de 8.391 quilos por hectare para 7.915 kg/ha. A redução seria de aproximadamente 75 mil toneladas na produção total, de 1,255 milhão para 1,180 milhão de toneladas.

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