Tempos difíceis
MT reduz a área plantada e se prepara para colher a menor safra de arroz de toda a sua história
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Na avaliação de Santana, este é o pior ano para o arroz no MT e se nenhuma atitude for tomada por parte da cadeia produtiva a cultura corre o risco de ser abandonada pelos produtores da região. “Não vejo nenhuma expectativa de melhora. O preço continua baixo e hoje quem plantou arroz está perdendo dinheiro, mesmo quem colhe 60 sacas (de 60 quilos) por hectare. Por outro lado, todas as outras culturas são mais rentáveis. Alguns produtores preferem fazer a rotação com o milheto ou deixar a terra parada do que plantar arroz”, lamenta.
Um diagnóstico mais preciso deste quadro, na opinião do engenheiro agrônomo, pode ser obtido a partir da venda de sementes. “Aqui na AgroNorte a venda de sementes foi um desastre, 60% menor que na safra passada. Para 2012 estamos prevendo a realização de 40 dias de campo com a soja e apenas dois ou três com o arroz”, estima Santana.
Um dos fatores que contribuem para a diminuição da área cultivada com arroz em Mato Grosso é a dificuldade que os produtores do grão têm em conseguir financiamento. Conforme Santana, o problema já existia, mas na última safra a situação ficou ainda pior. ‘‘O arroz perdeu o apoio que tinha. As revendas de insumos que financiavam os produtores calculavam que os preços estariam em patamares de R$ 30,00, mesmo R$ 28,00 ou R$ 27,00. Mas com os preços caindo para R$ 22,00 e R$23,00 quase todo mundo que financiou teve prejuízo. O custo desta modalidade de financiamento era maior comparado ao financiamento bancário, mas era a única alternativa que os produtores tinham”, informa.
IMPACTO
O presidente do Sindicato das Indústrias de Arroz do MT (Sindarroz-MT), Ivo Fernandes, também reconhece a gravidade da situação, mas argumenta que ainda é cedo para avaliar o impacto que o recuo da produção no estado possa acarretar nas safras futuras. “Vamos esperar pela colheita. De qualquer modo, não há risco de desabastecimento, mas a queda na produção pode comprometer as remessas para outros mercados”, garante.