Todo lugar é bom

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Pastagem: pecuária ocupa o lugar do arroz no inverno

Integração lavoura-pecuária pode ser aplicada em todas as regiões gaúchas de produção
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O pesquisador da Embrapa Pecuária Sul, de Bagé (RS), Danilo Menezes Sant’Anna, assegura que todas as regiões são propícias a integração lavoura-pecuária (ILP). “O que muda é a forma e o tipo de cultura ou tipo de pecuária que podem ser utilizadas em cada região, tanto em função das características de cada local como da vocação dos agricultores de cada propriedade. Na região do Planalto, a ILP, quando ocorre, tem a pecuária quase que somente na fase de inverno, com o uso de pastagens anuais temperadas. Na grande maioria das áreas não existe gado, apenas culturas de grãos, principalmente soja e milho”, exemplifica.

Na Metade Sul, onde se encontra praticamente toda a lavoura de arroz irrigado do RS, Sant’Anna verifica uma presença maior da pecuária compartilhando também áreas agrícolas. “Aqui, o uso do gado na ILP ocorre principalmente sobre as restevas da lavoura de arroz e sobre pastagens anuais de inverno, principalmente de azevém. Nas regiões da Campanha e Fronteira Oeste, onde a rotação do arroz é mais longa, normalmente o campo nativo retorna juntamente com as pastagens de inverno e compõe a base do sistema forrageiro anual das propriedades. O uso de pastagens anuais de verão, como sorgo forrageiro, milheto e capim-sudão, principalmente, tem crescido nas áreas em rotação com a lavoura de arroz. Mas a cultura de verão que realmente tem se expandido como alternativa de rotação ao arroz é a soja”, explica.

Contudo, apesar dos avanços, Sant’Anna avalia que é preciso evoluir para além da soja e das pastagens de inverno como vêm sendo utilizadas para que realmente se possa ter na prática sistemas integrados sustentáveis tanto nas áreas de coxilhas como nas áreas de terras baixas do RS. “Precisamos diversificar os sistemas com outras culturas em rotação com o arroz, tais como o sorgo e o milho, e, principalmente, intensificar e aprimorar o uso da pecuária nestes sistemas não somente na fase de inverno, mas fundamentalmente na fase de verão, onde se intensificaria o uso de pastagens anuais de verão e mesmo das pastagens naturais do RS em rotação com as culturas de grãos de cada sistema. São inúmeros os benefícios que estes caminhos podem proporcionar para a sustentabilidade da própria lavoura de arroz do RS”, considera o pesquisador.

PRÁTICA
A principal questão prática da ILP na lavoura arrozeira gaúcha, na análise do professor da Ufrgs Ibanor Aghinoni, está na crescente descapitalização dos produtores no binômio de produção arroz irrigado-pecuária extensiva, que é pouco diverso e de alto risco, também determinado pela dominância do sistema de arrendamento, gerando receita única para os parceiros: carne ao proprietário e arroz ao arrendatário.

Neste caso, um aspecto importante a ser considerado é a forma como ocorre a produção integrada nas propriedades. “A grande maioria das lavouras é feita mediante contratos de arrendamento da terra. Para que se consiga evoluir em massa para sistemas integrados de produção, precisamos migrar grande parte destes contratos de arrendamento para contratos de parcerias de longo prazo e considerar o sistema de produção na parceria. Existem muitos exemplos deste tipo de relação e estes modelos também devem receber atenção dos processos de difusão do conhecimento e transferência de tecnologias”, afirma Danilo Sant’Anna.

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