Várzea tropical
Novas tecnologias e sementes mais produtivas fazem crescer a orizicultura no Tocantins
.
A área plantada com a cultura em regime de sequeiro poderá ser 5% menor em relação 2012/13, reflexo da migração dos produtores para o cultivo de soja e milho na segunda safra. Somente o arroz irrigado é que apresenta expectativa de crescimento em relação ao ciclo 2012/13. Mas, em geral, o estado deverá ter um decréscimo de produção entre 1% a 3%.
Para o secretário de Agricultura e Pecuária do Tocantins , Jaime Café, que também é rizicultor, os dados apresentados pela Conab confirmam a evolução que a lavoura de arroz irrigado tocantinense vem experimentando ao longo das últimas quatro décadas. “A cultura foi introduzida no estado na década de 1970, pelos agricultores vindos do Rio Grande do Sul. Desde então, tem evoluído muito em termos de pesquisa, manejo, melhoramento de solo, processo de secagem e armazenagem, qualidade e, sobretudo, redução de custos. Ainda hoje, mais da metade dos produtores são gaúchos”, observa.
Na avaliação de Jaime Café, os fatores principais para o aumento da produção são frutos dos investimentos dos agricultores em novas tecnologias e variedades de sementes altamente produtivas, incluindo materiais desenvolvidos pelo Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) e pela Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri). “Além disso, as condições climáticas foram favoráveis para o cultivo do grão. Atualmente, depois da soja, o arroz é a segunda maior cultura em área plantada no estado, o que representa um papel estratégico tanto no aspecto econômico quanto no social”, argumenta.
A produtividade, segundo ele, também tem sido um fator determinante no crescimento da orizicultura tocantinense. “Na safra passada, registramos um acréscimo de 28,8% no rendimento das lavouras em relação a 2012/13, que passou dos 3.689 quilos para 7.750 quilos por hectare”, compara o secretário.
A produção de arroz irrigado com uso de alta tecnologia em Tocantins está concentrada na região que abrange os municípios de Formoso do Araguaia, Lagoa da Confusão, Dueré, Cristalândia e Pium, no sudoeste do estado. As lavouras estão estabelecidas em áreas de várzeas tropicais, que são propícias para o cultivo da planta com o uso do sistema de irrigação por infiltração e subirrigação no período da entre safra. Parte da produção é exportada para estados do Norte e Nordeste do país.
INVESTIMENTOS
Um dos fatores limitantes à orizicultura tocantinense é a altitude. O outro é a disponibilidade de água para as lavouras. “Com exceção do Araguaia, os demais rios não são perenes, isto é, só têm volume de água na estação das chuvas. O governo pretende, através de recursos do Programa de Desenvolvimento da Região Sudoeste do Tocantins (Prodoeste), aumentar em 30 mil hectares a área irrigada. Com isso, vamos garantir a reserva de água ao produtor, que poderá começar a plantar mais cedo, em outubro”, informa Jaime Café.
O Prodoeste atingirá 14 municípios, incentivando a utilização das potencialidades regionais através da irrigação e turismo. De acordo com o secretário estadual de Recursos Hídricos e Meio Ambiente do Tocantins, Anízio Pedreira, o programa busca a inserção da região no processo produtivo que fica próximo a BR 153 e futuramente a Ferrovia Norte-Sul.