2009: tudo para dar certo

 2009: tudo para dar certo

Analistas apostam que o mercado será remunerador em 2009.

É unanimidade entre os principais analistas de mercado que o cenário para a comercialização de arroz em 2009 será mais favorável aos produtores do que em 2008. Isto em razão de uma conjuntura de oferta mais ajustada à demanda nacional, por causa do menor estoque de passagem nos últimos 10 anos e fatores associados, como o volume exportado, uma tendência de equilíbrio na balança comercial, cenário internacional de preços altos e Mercosul apostando em outros mercados. 

Também é unânime a posição de que 2008 foi um ano atípico para a comercialização, com valorização do cereal em plena safra, graças à crise mundial de alimentos, que levou muitos investidores a trabalhar com commodities, elevou preços internacionais e favoreceu o ingresso do Brasil no bloco dos 10 maiores exportadores de arroz do mundo. Além disso, Uruguai e Argentina optaram por contratos de vendas a terceiros países, que remuneraram muito melhor. 

“O resultado é um recorde nas exportações brasileiras de arroz e o menor volume importado em mais de uma década”, explica Camilo Oliveira, analista do Irga. Segundo ele, a inserção do Brasil no cenário internacional foi um dos principais fatores da elevação dos preços, levando em conta que a balança comercial do arroz permitiu também um enxugamento nos estoques públicos e de passagem. 

Normalmente, quando o Brasil importa de 900 mil a um milhão de toneladas, o Governo acaba tendo que comprar arroz para enxugar o mercado. Desta vez a Conab colocou produto no mercado até outubro sem afetar os preços. No final de outubro, com o aumento da oferta dos produtores, a restrição de crédito às indústrias (pela alta dos juros) e dificuldades de retirada dos produtos leiloados, esta oferta acabou afetando o mercado, o que levou à Conab a suspender os leilões.

TENDÊNCIA – Mas para confirmar-se esta tendência algumas variantes precisam ser consolidadas. O Brasil tem que manter os mercados conquistados, mesmo com redução do mercado mundial em 2009, e o Mercosul precisa enviar seu arroz a terceiros mercados. A elevação do dólar favorece os exportadores locais, mas em contrapartida a restrição de crédito dificultou as vendas.

Um ano atípico

Segundo os principais analistas ouvidos por Planeta Arroz, o ano de 2008 foi bastante atípico e se caracterizou pelas altas cotações no mercado brasileiro, que mantiveram níveis superiores ao preço mínimo e crescentes da colheita até a segunda quinzena de outubro. No Rio Grande do Sul o ano comercial teve início com a saca de 50 quilos (58×10) cotada em R$ 22,98, que ultrapassou R$ 36,00 em outubro. 

Uma forte queda foi sentida entre a segunda quinzena de outubro e os 20 primeiros dias de novembro, quando a saca recuou para R$ 32,80 em razão de uma conjuntura inesperada. Ao mesmo tempo que havia vencimentos de securitização e de custeio para os produtores, a restrição ao crédito forçou a oferta de produto para assegurar os insumos da lavoura 2008/2009. Paralelamente as indústrias tiveram dificuldades para retirar dos armazéns o arroz comprado nos leilões da Conab e tiveram encarecido, pela alta dos juros, o capital financiado que buscavam no sistema financeiro. “Nenhum analista projetava essa queda, em razão de tantas coincidências negativas”, frisa Tiago Sarmento Barata, do Irga. 

No Mato Grosso o preço recebido pelo produtor no início do ano era de R$ 26,11 e em novembro chegou aos R$ 42,00, mas recuou na mesma época em razão das indústrias estarem abastecidas. O consultor Carlos Cogo destaca que no Rio Grande do Sul a cotação do arroz em casca ao produtor em média acumulou alta de 45,2% nos últimos 12 meses e de 49,3% no ano-safra 2007/2008 (3/3/2008 a 17/10/2008). “A suspensão dos leilões é crucial para uma nova elevação nos preços”, declara. “As probabilidades de novos recuos de preços neste período seriam escassas”, acrescenta. Para Cogo a suspensão dos leilões foi uma medida favorável a toda a cadeia produtiva: ao produtor porque os preços devem reagir, às indústrias que estão abastecidas e para o Governo, que resguardou estoques suficientes para atender uma eventual demanda de regulação de preços ou abastecimento do mercado interno em 2009.

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