Tecnologia híbrida: segurança e rentabilidade na lavoura

 Tecnologia híbrida: segurança e rentabilidade na lavoura

Ritter: comemorando os resultados e assumindo o desafio pela produtividade

Produtividade e qualidade são aliadas no avanço da semente híbrida.

 

Ao longo do tempo, as mudanças tecnológicas nas lavouras de arroz se tornaram decisivas para a evolução da cultura. O produtor Luiz Germano Schröder é enfático ao abordar o assunto: “É da água para o vinho. Acompanho a lavoura desde criança e fico pensando em quanto isso mudou e como evoluiu em termos de genética, equipamentos e técnicas”, cita.

Arrozeiro em São Sepé, no Rio Grande do Sul, Schröder afirmou que não há como comparar tempos passados com os dias atuais quando o assunto é plantação de arroz. Ele está à frente da propriedade desde 1982 e já enfrentou todo o tipo de safra. Mas hoje tem mais segurança, mesmo com adversidades, principalmente ocasionadas pelo tempo.

“A gente anda sempre em busca de novas tecnologias porque essas ferramentas são alternativas de sustentação da lavoura orizícola. Sem isso não se tem boa média de produção. É um fator determinante”, acrescenta.

Dentre as novas tecnologias uma chama mais a atenção: a semente híbrida de arroz. Caracterizada por ser mais produtiva, ter mais sanidade e possuir maior estabilidade no campo, este produto vem ganhando espaço, principalmente na Região Sul, responsável por mais de 60% da produção do país. À frente desta tecnologia no Brasil está a RiceTec Sementes, que detém a liderança de mercado na América Latina. A empresa está instalada há 10 anos no Brasil e conta com a adesão aos seus produtos pelos principais produtores nos estados onde atua.

O diretor-geral para o Mercosul da RiceTec, Markus Ritter, comemorou os resultados atuais e declarou que a ideia é obter ainda mais recursos tecnológicos para atrair produtores. “Queremos ampliar nossa participação nos mercados de arroz irrigado e de terras altas, oferecendo novos produtos para os arrozeiros”. Para atingir esta meta, novos investimentos em tecnologias estão sendo aplicados. “A RiceTec tem a meta de desenvolver produtos com tecnologia diferenciada e de alta qualidade, que se tornem os preferidos pelos consumidores e a sociedade”, diz.

 

 

 

RiceTec terá sistema de pesquisa ultramoderno

Vigor: híbrido bota muito mais grãos por área cultivadaQuem faz coro às palavras de Ritter é o gerente de pesquisa da empresa, Glauco Miranda, contratado este ano para desenvolver um sistema de pesquisa global na RiceTec. “Em 100 anos no Brasil, a pesquisa em culturas de grãos avançou muito, principalmente de 1980 para cá”. Ele destaca que o Brasil sempre esteve um pouco atrás de outros países quando o assunto era avanços tecnológicos nesta área. Porém, a situação está mudando. A RiceTec pretende implantar na América do Sul o que há de mais moderno no mundo.

Mas antes de entrar nos projetos para os próximos anos, Glauco traçou uma linha de tempo das tecnologias disponíveis para a obtenção de cultivares no país. “Tínhamos a botânica e muito tempo depois veio a estatística para contribuir nos estudos. Até que em 1970 chegou a genética aplicada ao melhoramento”.

A partir dessa data a avaliação de plantas, que era visual, passou a ser genética. Na década seguinte veio a informatização, com uso de computadores para compilar e cruzar dados, seguida pelos processos de seleção de plantas em laboratórios, com os primeiros experimentos de multiplicação de plantas in vitro e aplicação da tecnologia do DNA recombinante. “A partir desse momento era possível pegar DNA de qualquer organismo e transmitir para qualquer planta, cruzando, assim, indivíduos de espécies diferentes”, lembrou Miranda.

 

 

 

RiceTec terá sistema de pesquisa ultramoderno
Foi nos primeiros anos deste século que a rotina de seleção de plantas em programas de melhoramento começou a utilizar a PCR (Reação em Cadeia da Polimerase) e, na segunda parte da década, começou a incorporar técnicas omics (transcriptômica, proteômica e metabolômica), que permitiu associar proteínas e metabolismo com genes. Agora a seleção de plantas está fazendo uso da bioinformática, uma tecnologia que anima bastante Glauco Miranda. “Consiste em fazer a manipulação de imensa quantidade de informações de laboratório, ler e avaliar os resultados de experimentos a partir das tecnologias ômicas”.

Para projeto em nível de mundo, a proposta da RiceTec é utilizar as tecnologias de PCR Marcador para melhoramento de arroz e a técnica de sequenciamento (transcriptômica) para identificar novos genes. “Nosso caminho é identificar e rastrear os genes na planta ideal. Esta é a vanguarda mundial, em um projeto que pretendemos implantar em três anos”, revela Miranda. Esta metodologia permitirá que o volume de dados sobre genes de plantas aumente em 10 vezes no laboratório, requerendo mais recursos financeiros e de pessoal dos que são utilizados atualmente.

 

FIQUE DE OLHO
Hoje o trabalho em PCR e o sequenciamento genético são realizados na matriz norte-americana da RiceTec, em Austin, no Texas. Com a mudança prevista, as unidades da empresa no Mercosul terão exatamente a mesma tecnologia utilizada na América do Norte, considerada hoje o top de linha do mundo no setor.

“O orizicultor percebe a diferença do nosso trabalho à medida que os patamares de produção batem 16 mil quilos por hectare, e a nossa meta é chegar a 20 mil quilos, sem falar na resistência a doenças e o aumento na qualidade do grão”, pontuou Miranda. E finalizou: “A lavoura híbrida será padrão em campos de arroz, fato que já ocorreu em culturas como milho e girassol”.

 

 

 

Produtos novos levam a maior participação de mercado

Missau: mais lançamentos para atender as demandas da cadeia produtivaO gerente comercial da RiceTec, Helvio Missau, está otimista. “Podemos citar o exemplo da China, que hoje tem 60% do mercado de arroz semeado com híbridos. Esta tecnologia está crescendo e todas as novas tecnologias que podem surgir serão agregadas com os híbridos”. Quando começou a comercializar sementes, em 2003, a RiceTec vendeu um total de 200 hectares no Rio Grande do Sul. Sete anos depois, a empresa contabiliza cerca de 40 mil hectares, ou 6% da área plantada do estado. O índice cresce se consideradas somente as sementes certificadas.

“O objetivo é atingir 30% do mercado brasileiro dentro de oito anos”, revela Helvio Missau, que comemora o fato de, em sete dos oito anos de comercialização, a RiceTec ter vendido toda a produção de híbridos. Na área comercial, o maior desafio é conseguir ampliar as áreas de produção, podendo, assim, oferecer mais sementes aos produtores. “Nos últimos anos adotamos a postura de trabalhar com estoque de segurança, cerca de 10% da produção, a fim de aumentar o número de clientes”, declara Missau.

Markus Ritter, por sua vez, anunciou novos projetos nesta área. “A principal estratégia é a ampliação das áreas de produção, que hoje são concentradas em Roraima, Minas Gerais e em campos na Argentina. Isso possibilita flexibilidade, pois podemos produzir em diferentes épocas do ano”.

A RiceTec tem um projeto de fidelização de clientes à medida que a compra dos produtos se repete a cada safra. “Percebemos que o produtor que compra pela primeira vez volta na safra seguinte e adquire mais sementes, aumentando a área de híbridos”, disse Helvio Missau, gerente comercial da empresa.

A Granja Quatro Irmãos, em Rio Grande, Região Sul do RS, começou com 50 hectares e hoje semeia 2,3 mil. Por este dado, recebe o título simbólico de maior produtor de híbridos da América Latina. Outro exemplo vem do produtor Luiz Alberto Fontoura, gerente da Corticeira Agropecuária Ltda, em Cristal (RS), uma das antigas em atividade no estado. Para ele, as sementes híbridas são fundamentais para garantir o diferencial na lavoura. “O híbrido hoje é responsável pelo aumento significativo na produção. Representa 31% das nossas áreas. O resultado tem sido bastante significativo em relação à variedade convencional, em média 25% a mais na colheita”.

A propriedade cultiva as sementes híbridas Sator CL, Avaxi CL e Apsa CL, todas com a tecnologia Clearfield, da Basf, que controla o arroz vermelho. Este recurso, que traz mais sanidade para a lavoura, é outro grande diferencial para o campo e objeto de desejo dos produtores.

“O problema da lavoura de arroz nessa região são os inços, as infestações, principalmente o arroz vermelho. Ou melhor, eram limitantes. Com a chegada das sementes híbridas CL isso mudou. Essa tecnologia recuperou áreas boas que estavam inviabilizadas pelas invasoras”, declara Fontoura.

 

Sistema Clearfield reforça o híbrido
Helvio Missau revela que a ideia é direcionar a produção para o sistema Clearfield, em uma parceria com a Basf. “Os herbicidas comercializados são Only e Kifix, para controle do arroz vermelho. A tendência de mercado é, futuramente, trabalharmos somente com híbridos que agreguem esta tecnologia”. Luiz Alberto Fontoura ressaltou que este tipo de investimento é fundamental para quem quer se diferenciar no campo. “O produtor pode ter um custo por hectare um pouco mais alto em função do preço da semente, mas no final compensa muito. Quem tiver lavouras com ervas daninhas deve aderir a este sistema e poderá melhorar suas áreas”. Para o futuro, o produtor deseja que as pesquisas apontem sementes com poder ainda maior de produção e que ofereçam mais qualidade no processo de beneficiamento.

 

 

 

Híbridos desde o início
O mais antigo produtor de arroz híbrido do Brasil sorri ao ser questionado sobre a “aposta” que fez ao receber a visita dos técnicos das RiceTec logo no início do período comercial da empresa. “Assim que foi lançado, começamos a plantar. Nos últimos anos a tecnologia avança incrivelmente. A produção melhorou bastante”, comemorou Delmar Eckert, arrozeiro em Tapes, no Rio Grande do Sul, que tem 40% de sua lavoura formada por híbridos.

Para ele, um dos diferenciais que logo foi percebido era a densidade de semeadura. “Quando eu comecei, ficava receoso de plantar 50 quilos por hectare. Hoje a gente semeia 45 quilos por hectare e fico surpreso com a alta produtividade. Na variedade, eu uso 120 quilos por hectare”, comparou Eckert. “A gente fica sempre pensando em melhorar ainda mais. Eu fico surpreso com as produtividades do Avaxi CL e do Sator CL”. Outro fator que chama a atenção é a sanidade da planta. “Antes tu aplicavas um produto que matava o inço, mas o arroz vermelho ficava. Hoje o CL controla tudo, minhas áreas estão limpas”.

Como um dos produtores mais experientes, Delmar Eckert tem um alerta para aqueles que pretendem começar a usar esta tecnologia. “A gente tem que saber usá-la. Não basta só comprar, precisa saber manejar”. O gerente comercial da RiceTec, Helvio Missau, diz que a empresa está atenta a isso. “Estamos lançando um programa de capacitação técnica aos produtores que vierem a utilizar o híbrido, que consiste em um plano de manejo junto aos produtores e seus funcionários”. E complementou: “A RiceTec se orgulha de estar sempre perto do produtor com o seu programa de assistência técnica de ‘ponta a ponta’, que consiste em acompanhar todas etapas da lavoura orizícola, indo desde a semeadura, manejo, monitoramento até o acompanhamento dos resultados”.

Lançamentos à vista
A gerente de qualidade da RiceTec, Cláudia Militz, anuncia que a empresa tem trabalhado com muita seriedade para aperfeiçoar a qualidade de suas sementes, principalmente quanto à cocção e qualidade de grão. Na última safra a RiceTec lançou a semente de arroz híbrido Inov, produto que recebeu boa aceitação dos engenhos. “A indústria considera a Inov um produto muito interessante. Os híbridos seguem em processo de aperfeiçoamento. Vamos obter resultados ainda mais satisfatórios daqui para frente. É importante que produtores rurais e indústrias estejam atentos a esta evolução”.

Neste mês de maio a RiceTec lançará a Inov CL. “Este híbrido vem ao encontro das necessidades da cadeia produtiva do arroz. O produtor ganhará em produtividade, a indústria em rendimento e qualidade e o consumidor final terá o arroz ‘soltinho’”, comentou Helvio Missau, gerente comercial da RiceTec.

 

 

 

Alta performance na lavoura
Variedade híbrida tem maior potencial produtivo nas áreas de arroz

A tecnologia para a produção de sementes de arroz híbrido proporciona uma vantagem de rendimento de 15% a 20% em relação às variedades comuns de alta produtividade. Para as empresas e instituições que investem no desenvolvimento de produtos voltados a este segmento, trata-se de uma ferramenta estratégica para viabilizar a orizicultura brasileira e torná-la mais competitiva, adequando o setor à nova realidade do agronegócio mundial.

Uma das empresas líderes mundiais na pesquisa de híbridos de arroz com alta produtividade e qualidade é a Bayer CropScience, que desenvolveu a linha de híbridos Arize. A tecnologia é resultado da polinização cruzada de duas linhagens de arroz, que é mais resistente a estresses abióticos e mais produtiva em relação às variedades disponíveis no mercado pelo seu vigor híbrido.
“O primeiro diferencial é o acréscimo produtivo em relação às variedades convencionais, a alta capacidade de perfilhamento, o que proporciona trabalhar com uma densidade de semeadura baixa, maior tolerância aos estresses ambientais, estabilidade produtiva e alta rentabilidade ao rizicultor”, diz o gerente de arroz da Unidade BioScience, Leandro Pasqualli.

Ele explica que a Bayer investe anualmente recursos em pesquisa e melhoramento genético para desenvolver novos híbridos que atendam as exigências do mercado. “No caso do Arize, o produto obteve excelentes resultados nas últimas duas safras, tanto no Rio Grande do Sul, como, no pré-germinado, em Santa Catarina, com atrativos comerciais, ótimo teor de amilose e alto rendimento de grãos inteiros”, informa Pasqualli. “Mas a cada ano novos híbridos são gerados e desenvolvidos. Muita novidade em tecnologia está por vir em um futuro próximo”, adianta.

O mesmo vale para a Embrapa Arroz e Feijão (GO), que pretende lançar até a safra 2010/11 a primeira cultivar de arroz híbrido do centro de pesquisa, a BRS Cirad 302. As sementes se destinam ao plantio irrigado na região da Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul. O desenvolvimento da cultivar teve início em 1985, quando a empresa estabeleceu parceria com o Centro de Cooperação Internacional em Pesquisa Agronômica para o Desenvolvimento (Cirad), da França.

As pesquisas foram retomadas em 2004, sob a liderança dos pesquisadores Péricles Neves, da Embrapa Arroz e Feijão, e James Taillebois, do Cirad. Atualmente, os experimentos são conduzidos no Rio Grande do Sul, Mato Grosso e na sede da Embrapa Arroz e Feijão (GO), com o apoio da Embrapa Clima Temperado e da Embrapa Transferência de Tecnologia.

Segundo o pesquisador da Embrapa Clima Temperado Ariano Magalhães Júnior, a BRS Cirad 302 destaca-se pela maior produtividade obtida pela heterose quando comparada com cultivares convencionais e pelos grãos com alta qualidade industrial e culinária. Apresenta plantas do tipo moderno de folhas lisas, alta capacidade de perfilhamento e maturação uniforme. Os grãos são do tipo “agulhinha”.

O Instituto Rio-grandense do Arroz (Irga) também trabalha no desenvolvimento de um híbrido experimental promissor para lançamento no mercado em médio prazo. Os trabalhos são conduzidos na Estação Experimental do Arroz, em Cachoeirinha (RS), e nas principais regiões orizícolas pelo pesquisador do Irga Antônio Rosso. “O objetivo é ultrapassar o potencial das cultivares tradicionais entre 15% e 20%. No comparativo com a BR Irga 410, conseguimos obter um rendimento superior de 20%”, explica.

Outra empresa que deverá disponibilizar um híbrido para comercialização ainda este ano é a AgroNorte Pesquisas e Sementes (MT). A novidade atende pelo nome de ANA 9001 e se caracteriza por sua dupla aptidão, para arroz irrigado e de sequeiro. “O material apresenta ampla adaptabilidade e ótimo potencial produtivo. É o futuro para coibir o problema da pirataria de nossas sementes”, diz o diretor comercial da AgroNorte, Mairson Santana.

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